O colombiano Alex Saab, detido em Cabo Verde, afirmou esta sexta-feira à Lusa que é “inocente” das acusações dos Estados Unidos de América (EUA), recusando ser extraditado por apoiar o regime venezuelano que o Presidente Trump “está a tentar derrubar”.

Posso dizer categoricamente: sim, sou inocente”, afirmou Alex Saab, na entrevista escrita a partir da cadeia na ilha do Sal, onde está detido a aguardar extradição desde junho pedida pelos EUA, que o consideram um testa-de-ferro do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

“A minha única ofensa é ajudar o povo da Venezuela sob a liderança do Presidente Maduro. Sou vítima de perseguição política, estou injustamente preso por atender às necessidades humanitárias do povo venezuelano. Com certeza não terei um julgamento justo se for extraditado e serei alvo de envenenamento por ser agente diplomático de um país cujo Governo é alvo da administração americana”, acusou ainda.

Na entrevista à Lusa, Saab rejeitou as acusações da justiça norte-americana: “Os EUA não produziram uma única prova para apoiar as alegações feitas contra mim. As alegações são baseadas no depoimento de testemunhas desacreditadas, cujas declarações foram adquiridas por meio da concessão da cidadania norte-americana e outros benefícios em troca de mentiras, meias verdades e insinuações”, afirmou.

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Neste processo, os EUA, que pedem a extradição do colombiano, acusam Alex Saab de ter branqueado 350 milhões de dólares (295 milhões de euros) para pagar atos de corrupção do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, através do sistema financeiro norte-americano.

A minha equipa trabalhou muito para provar que as sete alegações de lavagem de dinheiro enumeradas no pedido de extradição não eram nada mais do que pagamentos com cartão American Express. Assim que os EUA compreenderam que estávamos preparados e capazes de refutar não só estas, mas todas as acusações, os EUA escreveram às autoridades de Cabo Verde e discretamente disponibilizaram-se para retirar aquelas sete acusações”, acrescentou.

O empresário colombiano recorda que todo este processo “falhou” desde o início, já que a sua detenção foi feita em Cabo Verde quando, diz, viajava como “enviado especial” da Venezuela, com imunidade diplomática. Além disso, foi feita recorrendo a “uma ordem ilegal” de detenção, emitida “após” a prisão pela polícia cabo-verdiana. Alex Saab, de 49 anos, foi detido em 12 de junho pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas, durante uma escala técnica no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA, quando regressava de uma viagem ao Irão.

O Governo da Venezuela afirmou que Saab viajava com passaporte diplomático daquele país, enquanto “enviado especial”, pelo que não podia ter sido detido, e continua a exigir a sua libertação.

Entretanto, a equipa internacional de defesa de Alex Saab, liderada pelo antigo juiz espanhol Baltasar Garçón, tem até 09 de janeiro para apresentar o anunciado recurso para o Supremo Tribunal de Justiça da decisão de 04 de janeiro, do Tribunal da Relação do Barlavento, favorável à extradição de Alex Saab para os EUA.

É óbvio que não posso ter um julgamento justo nos Estados Unidos porque apoio o governo que o regime de Trump está tentando derrubar. Quanto a Cabo Verde, não violei nenhuma lei em Cabo Verde, então porque é que continuam a manter-me detido ilegalmente?”, questionou.