A pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde nunca foi tão grande desde que começou a pandemia e os dados deste sábado confirmam-no ainda mais, com máximos renovados. Numa altura em que o número de casos de infeção e de mortes continua em valores muito elevados, os dados do boletim da Direção-Geral de Saúde (DGS) dão conta de 3.555 internamentos (mais 104 do que no dia anterior), dos quais 540 doentes em cuidados intensivos (mais quatro).
Nunca os hospitais portugueses receberam tantos doentes com Covid-19 ao mesmo tempo desde que começou a pandemia, numa escalada que já leva oito dias consecutivos. Há mais 697 internados do que uma semana antes, ou seja, uma subida expressiva de 24,4% face ao sábado anterior, 2 de janeiro (eram 2.858).
Também no caso de internados em unidades de cuidados intensivos, há um aumento de 48 doentes numa semana, ou seja, mais 8,9% do que a 2 de janeiro.
Estes novos recordes nos internamentos são batidos num dia em que o número de mortes e de infeções baixam, embora continuando muito perto dos valores máximos. O boletim da DGS dá conta de 111 óbitos em 24 horas com Covid-19 (menos 7 do que os valores divulgados na sexta-feira) e 9.478 novos casos de infeção (menos 698 pessoas). Este é, ainda assim, o segundo dia com mais mortes e o quarto pior em termos de casos (o top 3 é ocupado pelos três dias anteriores).
No conjunto dos últimos quatro dias, desde que os números dispararam para os valores máximos, houve 39.608 infeções, bem mais do que as cerca de 30 mil notificadas ao longo de todo o verão (de junho a setembro). E, em média, nestes quatro dias, foram registadas 9.902 infeções diárias e 104 mortes — ou 412 casos e quatro óbitos a cada hora.
Mais casos no Norte, mais mortes em Lisboa e Vale do Tejo
Foi no Norte que houve mais casos confirmados de Covid-19 no último dia. No boletim deste sábado, a DGS identificou 3.377 infeções na região, ou seja, cerca de um terço (35,6%) do total do país. Segue-se depois Lisboa e Vale do Tejo, que abrange também parte dos distritos de Setúbal, Santarém e Leiria, com 3.009 casos (27,3% do total); e a região Centro (2.074). As restantes regiões acumulam cerca de mil casos — 582 no Alentejo, 326 no Algarve, 67 nos Açores e 43 na Madeira.
No entanto, foi em Lisboa e Vale do Tejo que a DGS identificou o maior número de mortes do último dia, acumulando 39,6% do total do país (44 em 111). Houve ainda 29 mortes no Norte, 25 no Centro, 11 no Alentejo e duas no Algarve.
Das 111 vítimas, quatro pessoas tinham menos de 60 anos, desconhecendo-se se tinham alguma doença de risco — duas mulheres com idades entre 40 e 49 anos e outras duas pessoas na casa dos 50 (um homem e uma mulher). O boletim da pandemia mostra ainda que houve mais 12 óbitos na casa dos 60 anos; outros 27 na casa dos 70 anos; e 68 relativos a pessoas com mais de 80 anos.
Por outro lado, há cada vez mais recuperações — foram 5.899 no último dia, num total de 366.080 desde março —, mas, como o ritmo de infeções é bem maior, o número de casos ativos atingiu um novo recorde, com 102.406 pessoas neste momento a lidarem com a doença em Portugal (mais 3.468 do que no dia anterior).