A CES (Consumer Eletronic Show), a maior feira de tecnologia do mundo, arranca já esta segunda-feira, 11 de janeiro, numa edição inédita totalmente digital que decorre até sexta-feira, 14. Este ano, o evento abandona o habitual formato presencial de Las Vegas, nos Estados Unidos, devido à pandemia de Covid-19. E, para que esta opção digital aconteça, a Consumer Technology Association (CTA), associação que organiza o evento, desenvolveu uma plataforma que permite “visitar” os stands dos expositores e, ao mesmo tempo, interagir com as marcas, através de chats e reuniões que podem ser agendadas online. Esta ferramenta foi desenvolvida em parceria com a Microsoft.

A primeira edição da CES decorreu em 1967 e contou com 250 expositores e 17.500 participantes na cidade de Nova Iorque. Desde então, a feira de tecnologia cresceu, abrindo caminho para que as maiores marcas do mundo ponham à prova produtos revolucionários. Este ano, apesar da experiência ser exclusivamente digital, a missão continua a ser a mesma: mostrar as últimas novidades da indústria tecnológica que os consumidores e empresas podem esperar para os próximos meses.

Dos ecrãs transparentes à tecnologia “pandémica”, passando novamente pelo 5G e pela mobilidade elétrica, fique a conhecer o principal do que vai marcar esta edição de 2021.

Menos ruído e mais ação

Como refere o CNET — meio internacional líder em divulgação de tecnologia —, se, nas edições anteriores, um dos maiores desafios para quem participava era navegar a grande quantidade de informações apresentadas no evento, este ano tudo será menos complicado, a começar pela quantidade de expositores que estarão presentes. Serão cerca de mil, o equivalente a menos de 25% das empresas envolvidas em 2020, quando marcaram presença em Las Vegas cerca de 4.500 marcas.

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Portanto, há mais probabilidade de os expositores que aparecerem neste CES totalmente digital apresentarem algo novo e interessante, em vez de apenas marcarem presença só porque até aqui sempre o fizeram. Assim, será mais fácil filtrar os melhores produtos e tendências para os consumidores.

Um ajuntamento de tecnologia “pandémica”

Confinamento, teletrabalho e aprendizagem à distância: três realidades que prometem invadir a plataforma da CES nesta edição. São esperadas tecnologias inovadoras para ajudar as pessoas a lidar com a pandemia de Covid-19 e tudo aquilo que ela trouxe de novo ao quotidiano.

Na área da saúde, podemos ver máscaras de alta tecnologia, purificadores de ar inteligentes, mais dispositivos de assistência inteligente, lâmpadas UV-C para desinfeção e muito mais. Certamente, as marcas de computadores aproveitarão a expansão do trabalho à distância para lançar dispositivos e acessórios para descomplicar a vida profissional. E quem se dedica ao entretenimento irá oferecer mais opções para casa, como televisões, colunas de som e serviços de streaming, a um público que já se acostumou a receber o único entretenimento possível a partir do sofá da sala.

Ecrãs OLED transparentes para todos os feitios

A procura por televisões parece ter crescido em 2020, com a maioria das pessoas presa em casa ocupando os seus tempos livres a assistir compulsivamente a séries e filmes. Apesar de sempre existirem novidades nesta área de consumo — por exemplo, uma televisão gigante, rotativa ou com uma tela ultrafina —, este ano, a sensação do momento serão provavelmente os ecrãs OLED transparentes da LG. Estas novas telas avançam de 10% para 40% transparentes, o que abre novas possibilidades para usos mais criativos.

Alguns destes ecrãs que a LG exibirá na CES 2021 vão passar por uma tela OLED que sobe aos pés de uma cama inteligente, uma janela interativa para carruagens de metro, onde os mapas e horários estão sobrepostos no vidro, e ainda uma divisória para mesas de restaurante onde se pode ver imagens do cardápio à escolha ou, até mesmo, assistir ao chef a preparar a refeição.

A revolução dos elétricos

Os grandes fabricantes de automóveis têm usado o CES como plataforma para falar sobre o que chamam a “digitalização e eletrificação” do carro há mais de uma década. O problema é que, até agora, tem sido só garganta, com alguns protótipos pelo meio, mas sem um progresso real de revolução da indústria em direção a uma pegada carbónica cada vez mais reduzida.

Porém, tudo aponta que 2021 seja um ano decisivo para os veículos elétricos, tendo em conta que grande parte das marcas mais icónicas de indústria automóvel tem em vista uma total conversão para a mobilidade elétrica. As novidades incluem o SUV Mustang Mach-E , a pickup elétrica Ford F-150 e o Hummer EV. Na terça-feira, dia 12, a CEO da General Motors Mary Barra discursará na CES e a Chevrolet, marca pertencente ao grupo, já prometeu anunciar novos modelos elétricos.

Samsung a roubar os holofotes

Num ano menos atípico, a Samsung já costuma ser o Golias da CES, com o maior expositor, e também o mais chamativo. Exemplo disso foram os Neon, chatbots humanoides de inteligência artificial, apresentados no ano passado. Ainda assim, a marca sul-coreana continuará a roubar os holofotes este ano, mas acrescentou mais lenha à fogueira com o evento Samsung Unpacked — para lançar de forma ostensiva o seu próximo smartphone, o Galaxy S21 — que terá lugar no show virtual da CES, no dia 14.

No passado, esse evento era programado para a data do Mobile World Congress em Barcelona. Mas com o MWC adiado, a Samsung basicamente arrastou o seu maior evento sobre telemóveis para esta edição da CES.

O 5G novamente no centro do palco

A conversa sobre o 5G na CES não é nova, mas dado que esta é uma feira exclusivamente virtual, com mais painéis e discussões online do que demonstrações de gadgets, certamente este é um tema ainda com muito pano para mangas. A quinta geração de internet móvel veio permitir a conetividade de inúmeros objetos à internet e entre si, de forma mais rápida. Já não se trata apenas de ligar pessoas, mas também de controlar máquinas, dispositivos e objetos utilitários do dia a dia.

É por essa razão, que se prevê que a discussão ande à volta das aplicações a longo prazo do 5G, em particular na resolução de alguns dos problemas que ficaram a descoberto devido ao novo coronavírus. No centro do palco ou, melhor dizendo, do ecrã, estará a utilização do 5G como forma de assegurar a paridade digital no mundo, bem como o aperfeiçoamento das experiências em torno da telemedicina, do ensino à distância e do teletrabalho.