A primeira ação de campanha de André Ventura em Serpa acabou por ficar marcada pelo aparecimento de um esqueleto no centro do palco que surpreendeu o candidato presidencial. Mas antes deste momento, André Ventura foi recebido no distrito de Beja por uma manifestação convocada pela comunidade cigana da região. À chegada ao cine-teatro de Serpa, o candidado apoiado pelo Chega atirou um “vão é trabalhar” na direção dos manifestantes e rapidamente entrou no edifício.
Neste momento “fascista” era a palavra que mais se ouvia entre os manifestantes que acabaram contidos por um cordão policial da GNR, mas sem necessidade de uma intervenção musculada. Em bom rigor, as várias dezenas de manifestantes que estavam na rua nunca precisaram de ser acalmados pelas autoridades, tendo a ação sido muito centrada em gritos de palavras de ordem como “Alentejo não é fascista” ou “25 de abril sempre, fascismo nunca mais”. No sistema de som ouviu-se Sérgio Godinho, Fernando Tordo ou Zeca Afonso.
Pode ouvir aqui a reportagem da Rádio Observador na primeira ação de campanha de André Ventura:
Ventura com manifestação e esqueleto no primeiro dia de campanha
“Ele diz que só vai ser presidente de alguns portugueses, mas nós queremos um presidente para todos”, começa por dizer Geremias Barão, ao Observador, para justificar a presença na manifestação. Este que é um dos grandes defensores da comunidade cigana em Serpa fala ainda num dos temas em que André Ventura tem sido mais crítico, o Rendimento Social de Inserção (RSI): “Nós não queremos o RSI, nós queremos trabalhar mas ninguém abre as portas aos ciganos para trabalharem”.
Com o som das buzinas dos manifestantes a entrar no cine-teatro de Serpa, André Ventura não se mostra intimidado e reafirma aquela que tem sido uma das bandeiras da sua candidatura: “Não são Grandolas cantadas lá fora por subsidio-dependentes que nos vão fazer parar a marcha, e até arrisco dizer que vai ser em distritos como Beja que vamos ter um dos melhores resultados a nível nacional”.
“Beja foi o distrito escolhido para ser o início da caminhada presidencial pela razão que temos insistido: há um país em que metade trabalha para outros não fazerem nada”, afirmou, lamentando “privilégios e regalias injustificados nos últimos 45 anos”.
Os candidatos da esquerda mantiveram-se como os alvos de André Ventura: “Se Marisa Matias abandona a corrida em favor de Ana Gomes, mostra que já fizemos mais do que o que nos tínhamos comprometido. Não destruímos simplesmente o Bloco de Esquerda, arrasámos toda a esquerda e só isso já seria orgulho suficiente para esta candidatura”.