Uma comissão parlamentar de inquérito sobre as polémicas que envolvem a nomeação do Procurador Europeu poderia ser ” politicamente fatal para o Governo”, sobretudo para a ministra da Justiça”, defendeu Luís Marques Mendes no seu habitual espaço de comentário na SIC. Para o comentador, o “Governo tem muita sorte. A sorte de nenhum partido exigir um inquérito parlamentar”, iniciativa que defende se justificava.

Marques Mendes considera que as explicações dadas por António Costa não convencem. Se a carta enviada a Bruxelas com o currículo (com dados falsos) de José Guerra era irrelevante, porque foi enviada? Foi para reforçar o candidato que o Governo escolheu e cita uma notícia da RTP deste domingo, segundo a qual a Procuradoria Europeia decidiu com base na carta do Governo que tinha dados falsos sobre o currículo do procurador proposto por Portugal. “É um problema sério e tem de ser explicado”.

O comentador afirma ainda que a ministra da Justiça foi “desautorizada e desmentida” pelo diretor-geral do Ministério que se demitiu e que garantiu que Francisca van Dunem sabia tudo porque foi ela quem deu orientações para o conteúdo da carta.  Sobre as explicações dadas no Parlamento, Marques Mendes defende que a confissão de que ponderou pedir a demissão “diz tudo” e revela que a ministra percebeu que o assunto era grave. “Só pensa em pedir demissão quem tem culpas”.

Marques Mendes critica ainda o Ministério Público que “não sai muito bem neste filme”, por não ter aberto um inquérito a um documento oficial com declarações falsas.

Debate com Ventura “foi o melhor” da vida política de Marcelo

Numa campanha atípica, Marques Mendes considera que os debates televisivos têm sido interessantes. Ana Gomes tem estado bem, mas cometeu erros como defender a ilegalização do Chega que só favorece André Ventura. Sobre este candidato, Marques Mendes considera que mostrou debilidades face às altas expetativas que tinha: Falta-lhe um pensamento político sólido. Não tem uma ideia”. Mas ainda assim, terá ganho nos seus nichos de mercado. Já Marcelo Rebelo de Sousa, esteve bem e mesmo muito bem no debate com Ventura. Derrotou-o no plano das ideias, como Macrón fez com Marine Le Pen. Foi o melhor debate de toda a vida política de Marcelo.”

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Marisa Matias tem sido a grande desilusão, penalizada pelo voto contra do Bloco de Esquerda no Orçamento do Estado. Já Tiago Mayan, do Iniciativa Liberal, foi uma boa surpresa, mostrou frontalidade, pensamento político e tem potencial de crescimento. João Ferreira tem cumprido a sua missão de tentar segurar o eleitorado comunista e Vitorino Silva foi espontâneo e igual a si próprio.

Pandemia. Não se compreende porque não foram já tomadas medidas

A evolução da pandemia em Portugal é “muito muito preocupante” e Luís Marques Mendes não compreende porque é que não se tomaram já medidas.  “Se é tão urgente, por que é que não se tomaram estas decisões na semana passada? Cada dia que passa a situação piora”. O comentador responsabiliza ainda o “facilitismo do Governo e dos partidos” no alívio da medidas no período do Natal que classifica de uma certa leviandade quando os especialistas recomendavam medidas de contenção. “Não explica tudo, mas explica muita coisa”. O confinamento vai ser geral e durante um mês, com a possibilidade de algum alívio na segunda quinzena.

O confinamento não será tudo igual ao de março e abril. Escolas e dentistas não vão encerrar a atividade, afirma. Os tribunais vão funcionar em teletrabalho, mas ainda há dúvidas sobre o pequeno comércio.

Até 8 de janeiro, já 74 mil pessoas tomaram a primeira dose, ainda falta a segunda dose de vacinas. No curto prazo, temos poucas vacinas. É um processo lento e não pode haver relaxamento.

Apesar do agravamento do número de casos, o comentador defende que adiar as eleições presidenciais podia ser pior. Para além de exigir uma revisão constitucional, nada garante que daqui a umas semanas a situação da pandemia esteja melhor e que o confinamento tenha terminado. Marques Mendes elogia ainda as medidas anunciadas este domingo pelo ministro da Administração Interna para agilizar o ato eleitoral em condições de segurança.