A poucas horas do início oficial da campanha para as eleições presidenciais, André Ventura volta a subir a fasquia: “Não quero ficar apenas à frente de Ana Gomes, quero ter mais do que a esquerda toda junta”. Mais tarde, o candidato presidencial apoiado pelo Chega admite que a tarefa “vai ser difícil”, mas também esclarece que a confiança demonstrada no discurso tem origem nas sondagens: “Estou convencido que já passámos a Ana Gomes porque apesar de estarmos empatados nas sondagens, o voto envergonhado é muito maior em mim”.

A confiança de André Ventura foi demonstrada num jantar-comício onde esperava encontrar “450 apoiantes”, mas de acordo com o candidato foi necessário “reduzir o número de pessoas aos órgãos nacionais e à comitiva que acompanhou a líder da Rassemblement National (antiga Frente Nacional), porque não fazia sentido reunir tantas pessoas em contexto de pandemia”. Em declarações aos jornalistas, o líder do Chega explica que foram “enviados emails às pessoas a pedir que não viessem”, ainda assim estiveram cerca de 100 pessoas na Casa da Azenha, uma quinta de casamentos perto de Sintra. O comício também não foi propriamente desmarcado, como tinha dito o Chega durante a tarde.

Pode ouvir aqui a reportagem da Rádio Observador no jantar-comício do Chega:

André Ventura quer ter “mais votos do que toda a esquerda junta”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Tal como num copo de água, os convidados foram distribuídos por 17 mesas de seis pessoas cada uma, sendo que a distância de segurança de dois metros nunca foi cumprida. Apesar disto, Ventura garante que esta e outras iniciativas da campanha eleitoral serão feitas “sempre em contacto com a DGS”, que fez chegar à candidatura um parecer sobre as regras que deviam ser seguidas. Sobre os pormenores deste parecer, o candidato diz que não os conhece, mas fala no controlo de acesso à quinta feito pela GNR, a desinfeção das mãos à entrada e a medição da temperatura como medidas de prevenção, todas seguidas neste evento.

As máscaras de proteção facial também foram utilizadas pelos apoiantes de André Ventura, mas saltaram da cara no momento de tirar fotografias com a líder da Rassemblement National e cabeça de cartaz deste evento. Marine Le Pen está em Lisboa desde sexta-feira e não vai ser a única figura internacional a marcar presença na campanha eleitoral que arranca oficialmente neste domingo. André Ventura anunciou aos jornalistas que Matteo Salvini, presidente da Liga Norte, vai estar em Portugal para o apoiar no próximo dia 15 de janeiro, data em que o candidato completa 38 anos.

Mas antes da chegada do líder da extrema direita italiana, o candidato apoiado pelo Chega contou com o apoio da líder da extrema direita francesa. Marine Le Pen discursou para os apoiantes de Ventura para afastar a ideia de que os emigrantes portugueses em França – são mais de 900 mil com inscrição consular – sejam um fator de destabilização do país: “Tenho uma enorme gratidão e carinho para todos os portugueses que levaram coisas boas ao meu país”, mas também diz que acredita que “o Homem tem apego ao seu país e à sua identidade”.

Num discurso carregado de referências históricas, Le Pen vai desde o período em que “Portugal lutou ao lado de França na II Guerra Mundial” ao momento em que “Portugal descobriu o mundo”.

Campanha “minimalista e com poucas ações de rua”

Depois de no final da reunião com o primeiro ministro na manhã deste sábado, em São Bento, ter dito que ia reunir com estruturas da campanha e das distritais do partido sobre os procedimentos a adotar na campanha eleitoral, André Ventura não adianta muito mais. Fala numa “campanha minimalista e com poucas ou nenhumas ações de rua”, mas não afasta a realização de mais jantares-comício como o que fez em Sintra.

Já sobre a presença na reunião entre especialistas em saúde pública e políticos que vai ter lugar no próximo dia 12 na sede do INFARMED, em Lisboa, Ventura diz que ainda não sabe se pode estar presente porque vai estar em campanha eleitoral. “Uma delegação do Chega estará seguramente”, garante.