As autorizações irregulares do Governo timorense a voos entre Darwin e Díli deixaram acumuladas toneladas de carga na cidade australiana, incluindo material médico e medicamentos necessários para a resposta à Covid-19, disseram à Lusa fontes conhecedoras da situação.

A situação causou problemas tanto no Laboratório Nacional, que realiza testes à Covid-19, e que ficou praticamente sem kits de testes e outro material necessário, como no Hospital Nacional Guido Valadares, onde cirurgias tiveram de ser suspensas por falta de algum material, como bisturis, segundo fontes do Ministério da Saúde.

Além de material médico, estão igualmente retidas em Darwin “toneladas de carga privada”, incluindo material abrangido por malas diplomáticas e caixas enviadas através de serviços como a empresa DHL.

Parte da carga, incluindo material essencial médico, foi transportada para Díli em dois voos exclusivamente de carga, que se realizaram na semana passada, segundo confirmaram à Lusa fontes dos serviços aeroportuários.

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As medidas atuais em vigor em Timor-Leste permitem, segundo um despacho de 4 de janeiro de 2021, assinado pelo ministro dos Transportes e Comunicações, voos que “se revelem necessários e indispensáveis para assegurar o transporte internacional de medicamentos e mercadorias”.

Contactado telefonicamente pela Lusa em Darwin, Luke Fisher, diretor de serviços comerciais da AirNorth, recusou-se a confirmar ou desmentir a informação, escusando-se a fazer comentários.

O aumento dos casos de Covid-19 e a preocupação do Governo timorense sobre eventuais contágios comunitários levaram o executivo a endurecer as medidas a aplicar no estado de emergência, o nono desde o início da pandemia, que termina no início de fevereiro.

Uma situação que inclui a suspensão temporária da circulação internacional de pessoas, com exceção de pessoal diplomática ou consular, de organizações e agências internacionais, assessores da Administração Pública, trabalhadores do setor petrolífero e médico e funcionários de empresas com contratos com o Estado.

A AirNorth tentou, no passado, obter uma autorização a mais longo prazo, durante várias semanas, para a realização de um voo semanal entre Darwin (onde não há casos ativos do novo coronavírus) e Timor-Leste.

Porém, o Governo timorense só está a conceder autorizações “voo a voo”, sendo que, em alguns casos, essa autorização demora.

O processo normal obriga ao envolvimento de três Ministérios, o dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e o do Interior, que têm de dar autorização prévia, antes de o Ministério dos Transportes e Comunicações confirmar a autorização e dar instruções nesse sentido às autoridades de aviação civil.