A ministra da Coesão Territorial disse esta segunda-feira que o Gabinete Jurídico do primeiro-ministro está a estudar se “foi ou não legal” a decisão da Assembleia da República relativa à redução de 50% nas portagens nas ex-SCUT.

No Orçamento do Estado estão previstos [descontos de 50% nas antigas SCUT – vias sem custos para o utilizador] para julho. Até lá, o Gabinete Jurídico do senhor primeiro-ministro está a estudar se a Assembleia da República pode tomar decisões sobre uma matéria que é da competência do Governo”, disse hoje Ana Abrunhosa aos jornalistas.

A ministra falava na Guarda, à margem de uma visita ao Hospital Sousa Martins, onde participou numa reunião de trabalho com o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde.

E, portanto, se o Gabinete do senhor primeiro-ministro chegar à conclusão de que não pode ser, em democracia nós temos os mecanismos para desencadear a intervenção de órgãos de soberania, no sentido de esclarecer essas dúvidas”, acrescentou.

Ana Abrunhosa adiantou que “ainda não foi tomada qualquer decisão” pelo gabinete de António Costa que “está a estudar se foi ou não legal” a decisão tomada na Assembleia da República.

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Como ministra da Coesão Territorial gostaria muito que rapidamente as portagens desaparecessem deste território, mas como ministra da Coesão Territorial também gostava muito que tomássemos as medidas e que não tivéssemos de recuar. Isso pode acontecer se a medida for considerada não legal, nomeadamente, depois na negociação com as concessionárias”, disse.

Explicou ainda que é “uma competência única e exclusivamente” do primeiro-ministro “suscitar ao Tribunal Constitucional a legalidade” da decisão tomada pela Assembleia da República e que “essa decisão não está tomada, está apenas a ser estudada” pelos serviços jurídicos do Gabinete de António Costa.

Se orçamentalmente sentíssemos que o país tinha condições para fazer uma redução de 50%, esta ministra, com todo o gosto, a teria anunciado, em vez de anunciar uma medida de 25%”, rematou.

Ana Abrunhosa assegurou, ainda, que, enquanto ministra, está a cumprir o que prometeu: “redução progressiva e gradual e orçamentalmente sustentável das portagens”.

“Hoje [segunda-feira], é o primeiro dia em que se aplica a medida que o Governo aprovou. Entendemos todas as reivindicações, porque estamos a falar de vias que não tinham portagens e que passaram a ter, mas nós nunca prometemos a eliminação das portagens. O que prometemos foi a redução gradual e progressiva”, disse.

Os descontos de portagens nas ex-SCUT, antigas vias sem custos para o utilizador, e autoestradas do interior entram hoje em vigor, com reduções entre os 25% e os 55%, consoante a classe do veículo e o período diurno ou noturno.

O Governo aprovou em outubro, em Conselho de Ministros, um desconto de 25% aplicado desde o oitavo dia de utilização mensal, para os veículos de classe 1 e 2, em determinados lanços da A22 — Algarve; A23 — IP; A23 — Beira Interior; A24 — Interior Norte; A25 — Beiras Litoral e Alta; A28 — Norte Litoral; A4 — Subconcessão AE transmontana; A4 — Túnel do Marão; A13 e A13-1 — Subconcessão do Pinhal Interior. O objetivo destes descontos é, de acordo com o Ministério da Coesão Territorial, o de beneficiar utilizadores frequentes, ou seja, quem vive e trabalha no Interior do país.