A Premier League continua a tentar resistir ao impacto da pandemia no futebol profissional inglês, numa altura em que o número de novos casos e internamentos continuam a bater recordes no Reino Unido, e o jogo do Tottenham esta quarta-feira tornou-se um exemplo paradigmático disso mesmo: em condições normais, o conjunto dos spurs iria jogar fora com o Aston Villa mas, devido a um surto de Covid-19 que afetou 14 elementos da equipa entre os quais dez jogadores, acabou por defrontar o Fulham, num dérbi londrino que se deveria ter realizado no final de 2020 (30 de dezembro) mas que foi adiado também pelos muitos testes positivos dos visitados. A hipótese de haver uma suspensão da competição das duas semanas perdeu força mas os “problemas” sucedem-se.

“Chegou o momento de a Premier League mostrar liderança, de tomar decisões. Um clube como o nosso faz diariamente tudo para se preparar, para jogar, para seguir todas as regras sanitárias que temos em mãos e não podemos ser punidos”, afirmara o português antes da goleada por 5-0 na Taça de Inglaterra frente ao Marine, no jogo mais desequilibrado de sempre do futebol inglês entre uma equipa do primeiro escalão e outra do oitavo, já depois dos castigos do clube a Reguilón, Lamela e Lo Celso por não terem cumprido o confinamento na passagem de ano ao marcarem presença numa festa onde se encontrava também Lanzini, jogador do West Ham.

E foi no jogo de palavras que começou este Tottenham-Fulham, com os dois treinadores a abordarem com visões diferentes a marcação do encontro para esta quarta-feira apenas 48 horas antes do apito inicial.

“Estou zangado, estou mesmo zangado porque não é correto. Não é correto e é por isso que estou tão zangado. A possibilidade de jogarmos contra o Tottenham apareceu no sábado. Não achámos que fosse algo realístico mas na segunda-feira de manhã, às 9h30, fomos informados disso mesmo. Confirmar o jogo na segunda-feira de manhã é um escândalo. Aceito que temos de fazer o jogo mas é a atitude”, comentou Scott Parker, antigo médio e técnico do Fulham, que continua a tentar fugir aos lugares de despromoção ocupando agora o 18.º lugar.

“Eles jogaram no sábado contra o QPR em Londres. Tiveram domingo, segunda-feira e terça-feira para preparar um jogo na quarta. Se eles vierem com apenas metade da equipa, vou ser o primeiro a pedir desculpa pelo que estou a dizer e o primeiro a reconhecer que jogámos este encontro em vantagem. Agora, se eles vieram com a sua melhor equipa, aí penso que terão de fazer um pedido de desculpas a todos. Vamos lá, jogar futebol. Vamos ter o melhor comportamento possível, vamos proteger a indústria, a nossa imagem, vamos jogar futebol… O meu feeling é que não jogarão apenas um ou dois jogadores dos habituais titulares mas vamos ver, é apenas um palpite”, respondeu José Mourinho, a propósito das declarações de Scott Parker antes do duelo londrino.

No final do encontro, ninguém pediu desculpa a ninguém mas o Tottenham devia pedir desculpa a si próprio: numa partida onde beneficiou de várias oportunidades além do golo de Harry Kane (25′), entre defesas de Areola, um remate ao poste de Son e um golo bem anulado pelo VAR a Reguilón (que tinha feito a assistência para o 1-0 numa das melhores jogadas do encontro), os spurs voltaram a não conseguir segurar uma vitória em casa e sofreram o empate à beira do último quarto de hora na sequência de um grande cabeceamento de Ivan Cavaleiro (74′), tendo apenas duas vitórias nos últimos oito jogos da Premier League e descendo ao sexto lugar a seis pontos do líder Manchester United, a três do Liverpool e a dois de Manchester City (que tem menos um jogo), Leicester e Everton numa classificação que seria diferente… se os londrinos conseguissem aguentar as vantagens.

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