O presidente da associação de cidadãos nascidos na Guiné-Bissau que serviram nas Forças Armadas portuguesas, Amadu Djau, anunciou esta quinta-feira estar em curso um recenseamento de ex-militares, com a finalidade de exigir a sua indemnização a Portugal.

Presidente da chamada Associação de Deficientes das Forças Armadas portuguesas na Guiné-Bissau, Djau confirmou que a sua organização quer saber quantos ex-militares é que estão vivos e quantos já morreram, antes de avançar com documentos para o Governo português.

Estamos a fazer um recenseamento [de ex-combatentes] na Guiné-Bissau com base no que foi decidido na Assembleia da República portuguesa, que preconiza o reconhecimento dos antigos combatentes portugueses nas suas ex-colónias de Angola, Moçambique e Guiné”, notou Amadu Djau.

O responsável afirmou que pelas informações de que dispõe existirão na Guiné-Bissau cerca de 35 mil ex-combatentes, dos quais, estima que 10 mil já terão falecido. Seriam militares incorporados nas Forças Armadas portuguesas de 1961 a 1974, notou Djau.

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Questionado sobre se deu conta do processo de recenseamento em curso na Guiné-Bissau, Amadu Djau disse que a embaixada de Portugal em Bissau foi informada, embora a resposta não tenha ido ao encontro do entendimento da associação.

A embaixada está a dizer que Portugal só vai reconhecer aqueles que tiverem a nacionalidade portuguesa ou os menores de 18 anos, mas que combatente é que tem hoje 18 anos?”, questionou Djau, considerando o posicionamento como “fuga às responsabilidades”.

“Queremos que Portugal indemnize os antigos combatentes, órfãos e viúvas ou então que Portugal primeiro devolva a nacionalidade aos ex-combatentes e só depois inicie a contagem dos anos passados” nas Forças Armadas, defendeu Djau.

O dirigente associativo anunciou que até fevereiro conta terminar o recenseamento e se não tiver “uma resposta satisfatória” vai organizar vigílias diante da embaixada de Portugal em Bissau para exigir “o pagamento integral do tempo de serviço” dos ex-militares.

A Lusa apurou que aos ex-combatentes portugueses estariam a pagar 6 mil francos CFA (cerca de 10 euros) no processo da sua inscrição, mas Amadu Djau desmentiu que seja a sua organização que está a cobrar aquele valor. Djau confirmou que a sua organização está a pedir “uma contribuição” de 2.500 francos CFA (2,5 euros) para custear a compra dos equipamentos informáticos.

António Albino Gomes, vulgo “Pelé”, responsável do conselho fiscal da associação dos ex-combatentes portugueses da Guiné-Bissau, que assistiu à entrevista com Amadu Djau, admitiu que algumas pessoas possam estar a recensear os antigos militares e a cobrar. Albino Gomes disse não ter dúvidas de que se trata de um processo fraudulento e que deve ser denunciado à polícia.

“É uma fraude, porque Portugal disse que vai devolver a nacionalidade aos ex-combatentes, mesmo aqueles que faleceram vão ser ressarcidos através dos seus familiares vivos, pelo que ninguém deve pagar nada para ser recenseado”, observou Gomes.