A Citroën iniciou esta semana a comercialização do novo C4 no mercado português, oferecendo tanto as versões com motor de combustão, a gasolina ou a gasóleo (de que falaremos mais tarde), como também esta versão ë-C4, o eléctrico da gama. Recorrendo à mesma plataforma que serve os Peugeot e-208 e e-2008, os Opel Corsa-e e Mokka-e e o DS 3 Crossback E-Tense, o ë-C4 é visivelmente mais comprido, mais alto e com mais ar de SUV, apesar de não ser mais alto do que o e-2008 ou o DS 3 Crossback E-Tense.

O facto de utilizar a plataforma que a PSA denomina multi-energia, o que lhe permite alojar todo o tipo de mecânicas, de motores de combustão aos eléctricos e respectivo pack de baterias, o ë-C4 apresenta vantagens e inconvenientes. Entre estes últimos, o destaque vai para a distribuição dos módulos da bateria em H, ocupando o túnel central, onde normalmente passaria o escape, e as zonas sob os bancos da frente e traseiros. Uma repartição deste tipo não ajuda a garantir que todos os módulos trabalham dentro da mesma gama de temperaturas.

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SUV ou berlina?

Ao contrário dos restantes eléctricos das marcas da PSA, com comprimentos em redor dos 4 metros, este Citroën reivindica 4,36 m entre extremidades, o que o posiciona no segmento C, o mais vendido na Europa e o segundo em Portugal. Curiosamente, entre nós, os carros que mais vendem desta bitola são as berlinas de cinco portas, ao contrário do que acontece lá fora, onde são os SUV que têm mais procura. Este é o motivo que leva a Citroën Portugal a apelidar o C4 de berlina, apesar de abundarem os pormenores que o alinham em termos estéticos pelos SUV.

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Com uma altura ao solo maior do que o normal, apesar de ter uma altura total inferior à dos 2008, Mokka-e e DS3 Crossback, o ë-C4 exibe uma frente musculada, graças ao capot do motor alto e quase horizontal, para depois recorrer a protecções em plástico nas embaladeiras e guarda-lamas, que também surgem ligeiramente alargados.

Para tornar o aspecto do C4 mais dinâmico, a Citroën deitou mão a outro artifício, ao inclinar o pilar posterior e conferir-lhe um certo ar de coupé. Se a tudo isto juntarmos a possibilidade de personalizar a carroçaria, através de cinco packs de cores, além da nova assinatura luminosa em forma de V horizontal, tanto à frente como atrás, é fácil perceber os motivos que levam este SUV, ou no limite crossover, a ter na estética um dos seus principais atributos.

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Como é por dentro?

A Citroën define o C4 como um carro espaçoso, requerendo mesmo o estatuto de líder do segmento no que respeita ao espaço para as pernas de quem se senta atrás. Aliás, é aqui que surge umas das mais importantes vantagens do ë-C4 face aos seus “irmãos”, uma vez que a sua mais generosa distância entre eixos de 2,67 m (maior do que os 2,54 m do e-208; 2,558 m do DS 3 Crossback; 2,561 m do Mokka-e e 2,605 m do e-2008), permite-lhe beneficiar de espaço sob os bancos da frente para enfiar os pés por baixo, ao contrário do que acontece nos restantes eléctricos da PSA.

Os bancos Advance Comfort, com espuma de maior densidade, são mais agradáveis de utilizar, para depois o tablier ser revestido com uns plásticos agradáveis à vista e ao toque, ainda que não sejam macios. O painel de instrumentos é digital, tal como o ecrã central, através do qual se consegue controlar a maioria das funções do veículo, mas não a ventilação, que mantém os comandos analógicos, de accionamento mais prático e rápido.

Espaço para arrumar objectos não falta, com o ë-C4 a oferecer uma gaveta por cima do tradicional porta-luvas. É na gaveta que se pode guardar o tablet, para o qual a marca concebeu um suporte em frente ao passageiro da frente. Lá atrás, a bagageira assegura 380 litros de capacidade, com o fundo regulável em vários níveis a facilitar a arrumação dos cabos de carga na zona inferior.

Motor e bateria iguais aos do 208 e Corsa

Em termos mecânicos, nada distingue o ë-C4 dos outros eléctricos do grupo francês. A bateria em H refrigerada a água anuncia uma capacidade total de 50 kWh (45 kWh úteis), para o motor eléctrico, colocado sobre o eixo dianteiro, desenvolver um máximo de 100 kW, ou seja, 136 cv e um binário de 260 Nm. Contudo, esta potência só está disponível no modo de condução Sport, com o Normal a cair para 109 cv e o Eco para 82 cv.

Este SUV da Citroën é capaz de atingir os 100 km/h em 9,7 segundos, estando limitado a 150 km/h, para não condicionar excessivamente a autonomia, com o ë-C4 a anunciar um alcance de 350 km entre visitas ao posto de carga e um consumo em WLTP de 16,6 kWh/100 km.

Em carga rápida (DC), o Citroën aceita potências de até 100 kW, o que lhe permite ir de 0-80% em apenas 30 minutos. Em carga normal (AC), o carregador interno aceita até 11 kW, o que torna possível carregar de 0-100% em 5 horas, solução ideal para incrementar a “saúde” do acumulador, que usufrui de uma garantia de 8 anos ou 160.000 quilómetros.

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Como é ao volante?

Conduzimos o ë-C4 durante um breve período, em Lisboa e arredores, com o modelo a impressionar ao exibir uma construção robusta, pela ausência de ruídos parasitas e um bom isolamento do exterior, característica a que os veículos eléctricos são mais sensíveis.

A circular em cidade, sobressai igualmente a suavidade das suspensões, devido aos amortecedores com batentes hidráulicos progressivos, o que implica a presença de um amortecedor mais macio em quase todo o curso, que depois se torna mais duro junto aos extremos, sem contudo se sentir a tradicional pancada quando chega ao fim de curso.

Em cidade, em modo Eco e com ar condicionado ligado, conseguimos um consumo médio de 20 kWh, o que nos pareceu mais elevado do que seria de esperar, o que se pode tentar explicar parcialmente pela baixa temperatura exterior (10ºC). Em estrada, a rodar nas mesmas condições e entre 100 e 120 km/h, o ë-C4 revelou um consumo de 16 kWh, um valor bem mais razoável.

O novo ë-C4 já está disponível em Portugal, com a marca a prever ter 500 unidades para entregar a clientes durante 2021. Todos os C4 são propostos em quatro níveis de equipamento (Feel, Feel Pack, Shine e Shine Pack), com os preços a arrancarem nos 37.608€, referentes ao Feel, evoluindo até aos 41.408€ da versão Shine Pack.