O deputado do PSD Ricardo Baptista Leite criticou esta quinta-feira as “meias medidas” anunciadas pelo Governo para combater a pandemia, considerando que a manutenção dos estabelecimentos de ensino abertos durante um confinamento generalizado é contraproducente.

“A razão pela qual estamos nesta situação, depois de quatro meses sucessivos de meias medidas, de medidas restritivas parciais no território nacional, resulta, primeiramente e principalmente, pela falta de preparação do outono e inverno”, considerou o deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite, em declarações aos jornalistas no parlamento.

O confinamento generalizado da população, a partir de sexta-feira e pelo menos até 30 de janeiro, “é uma bomba atómica que se usa quando se desconhece o que é que se pode fazer de uma forma dirigida”, prosseguiu, considerando que se está a verificar, “mais uma vez, um conjunto de meias medidas, particularmente” no que diz respeito à “situação nas escolas”.

Coimas duplicadas, escolas abertas, celebrações religiosas permitidas. As diferenças entre o novo confinamento e o de março

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ricardo Baptista Leite recordou que as últimas informações disponibilizadas pelas autoridades sanitárias, ao longo das últimas três semanas, apontam para um aumento no número de infeções pelo SARS-CoV-2 entre os 10 e os 19 anos, e os 20 e os 29 anos.

Por isso, os sociais-democratas esperavam que, “no mínimo dos mínimos”, o executivo liderado pelo socialista António Costa tivesse encerrado os estabelecimentos de ensino “a partir do sétimo ano de escolaridade”.

“É a diferença entre conseguirmos conter esta pandemia em três, quatro semanas, ou podermos ver um arrastar de mais e mais medidas ao longo de semanas sucessivas, seis, oito semanas, o que tem consequências absolutamente devastadoras”, completou o deputado.

A manutenção das aulas presenciais em todos os graus de ensino é “contraproducente”, na mesma altura em que “se pede à economia para travar a fundo”, considerou.

Ricardo Baptista Leite defendeu que era preferível encerrar os estabelecimentos de ensino até 30 de janeiro e reavaliar o impacto desta decisão, ao nível da contenção dos contágios, daqui a duas semanas.

Escolas abertas. “Uma medida certa que respeitou evidências científicas”, diz Alexandre Homem Cristo

O social-democrata disse também que ainda não houve “da parte do Governo o reconhecimento de que o caminho trilhado até agora é o errado” e que não há garantias sobre o “que é que vai mudar a seguir”.

O Governo tem de “mudar radicalmente de estratégia” de modo a garantir que não vai haver um aumento substancial do número de infeções que obriguem a outro confinamento “por volta da Páscoa”, considerou.

Ainda assim, justificou, o PSD uniu-se ao PS para, mais uma vez, aprovar a renovação do estado de emergência porque “Portugal está, literalmente, entre a espada e precipício”.

“Se não fosse o PSD, se dependesse dos parceiros habituais do Governo [BE, PCP e PEV] estaríamos numa situação sem estado de emergência, o que impediria todas as medidas. Isso colocaria o país numa situação de sermos lançados pelo precipício abaixo”, completou.

Boletim da DGS. Em janeiro já morreram 1478 pessoas infetadas com Covid-19

Portugal contabilizou 148 mortes relacionados com a Covid-19 e 10.698 infeções nas últimas 24 horas, o valor diário de contágios mais elevado desde o início da pandemia, de acordo a Direção-Geral da Saúde (DGS).