O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, considerou em declarações à RTP esta sexta-feira “absurda” e “sem lógica” a decisão do Reino Unido suspender os voos com Portugal, medida “súbita e inesperada” cujos fundamentos disse desconhecer.

Na nossa opinião não tem lógica. Em primeiro lugar é uma medida súbita e inesperada e isso é um primeiro elemento de surpresa negativa. Em segundo lugar, é uma medida que atinge fortemente pessoas que não foram devidamente avisadas para ela. Foi anunciada às 17:00 de um dia para entrar em vigor às 04:00 do dia seguinte”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.

O ministro reiterou que a decisão “é absurda” porque “o único argumento” que tem “ouvido das autoridades britânicas é que suspendem os voos a partir de Portugal por causa das ligações aéreas entre Portugal e Brasil”. “Ora, os passageiros brasileiros ou de outras nacionalidades só podem embarcar com teste negativo e só podem realizar viagens essenciais”, lembrou, adiantando ter já pedido ao homólogo britânico uma conversa “para entender os fundamentos” da decisão.

O ministro defendeu que estas “decisões súbitas, repentinas e inesperadas” e “ilógicas” de suspender voos a partir de Portugal devem ser “revertidas o mais depressa possível”.

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Quanto a Angola, que também vai suspender os voos com origem em Portugal a partir de 25 de janeiro, Santos Silva adiantou que este caso e o do Reino Unido são “diferentes”. O ministro já falou com o seu homólogo angolano a quem apresentará “um documento com toda informação sobre a situação epidemiológica em Portugal”. O governante fez questão de distinguir os dois casos uma vez que, com Angola, “a medida é tomada e divulgada com antecedência suficiente para que as pessoas se possam organizar”.

Certificado de vacina? Pode ser forma das pessoas deixarem de fazer teste “cada vez que se deslocam”

Relativamente à proposta do primeiro-ministro grego para um certificado de vacinas, o ministro dos Negócios Estrangeiros lembrou que é ainda uma proposta e que haverá tempo para ser analisada, mas considerou que “a mobilidade das pessoas” não pode “depender de uma vacina que, se não pertencerem aos grupos prioritários, não podem ter mesmo que queiram”, disse à RTP.

Santos Silva explicou que pode, no entanto, ser uma forma para que “as pessoas que já foram vacinadas” não terem “de apresentar um teste cada vez que se deslocam”