Governo e partidos regionais catalães chegaram esta sexta-feira a acordo para adiar para 30 de maio próximo as eleições nesta região espanhola, devido à evolução negativa da terceira vaga da pandemia de Covid-19.

A nova data foi proposta pelo executivo independentista da comunidade autónoma numa reunião realizada no parlamento regional e espera-se que em seguida seja ratificada por um novo decreto de convocação de eleições numa reunião extraordinária do governo da região.

O Partido Socialista da Catalunha (PSC, marca regional do PSOE nacional) foi a única formação política a opor-se à nova data, tendo sugerido um adiamento para 14 ou 21 de março, para deixar passar o pior da terceira vaga da pandemia.

As eleições tinham sido inicialmente marcadas para 14 de fevereiro, devido à inabilitação, decretada pelo poder judicial em setembro passado, do último presidente regional, o independentista Quim Torra, condenado por se ter recusado a retirar uma faixa com conteúdo separatista da fachada da sede do governo regional durante a campanha para as eleições parlamentares nacionais de abril de 2019.

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Torra assumiu a presidência da região nas eleições, assim como estas antecipadas, de dezembro de 2017, depois da tentativa falhada de autodeterminação da Catalunha em 1 de outubro do mesmo ano, que terminou com a fuga para a Bélgica do presidente anterior, Carles Puigdemont.

Estas eleições vão ser marcadas pela divisão entre os dois principais partidos independentistas que estão coligados no parlamento regional e apoiam o atual executivo da comunidade autónoma.

A pré-campanha eleitoral foi marcada pela apresentação de Salvador Illa, o atual ministro da Saúde espanhol, como candidato socialista à presidência do Governo regional. A candidatura desta personalidade muito conhecida, que tem dado a cara na luta contra a pandemia de Covid-19, está a dar que falar, aparecendo o PSC com uma subida substancial nas intenções de voto na Catalunha. Illa poderia mesmo, segundo alguns observadores, levar os socialistas a ser os mais votados e substituir o Cidadãos (direita-liberal nacional) como primeiro partido catalão, apesar de as formações independentistas poderem continuar a ter uma maioria de deputados regionais.

A questão da independência divide profundamente esta região de 7,5 milhões de habitantes, até há pouco considerada a mais rica de Espanha.

Com uma incidência acumulada de 523 casos por 100.000 habitantes nos últimos 15 dias, o dobro do nível de risco extremo de 250, a pandemia está a aumentar em praticamente todas as comunidades, que estão muito preocupadas com o aumento da pressão sobre os hospitais.