O aumento dos suicídios no Japão pode estar relacionado com a segunda vaga da pandemia de Covid-19, concluiu uma equipa de investigadores da Universidade de Hong Kong e do Instituto Metropolitano de Gerontologia de Tóquio.
O estudo realizado pelos investigadores, cita a agência Reuters, revelou que as taxas de suicídio no Japão aumentaram na segunda vaga da pandemia, particularmente entre mulheres e crianças, embora tenham caído durante a primeira vaga quando o governo do país ofereceu mais apoios à população.
Entre julho e outubro, as taxas de suicídio aumentaram 16% em relação ao período homólogo no ano anterior, uma reversão total da queda de 14% verificada entre fevereiro e junho.
“Ao contrário das circunstâncias económicas normais, esta pandemia afeta de forma desproporcional a saúde psicológica de crianças, adolescentes e mulheres”, escreveram os autores do estudo publicado na sexta-feira na revista Nature Human Behavior.
De acordo com o estudo, o declínio no número de suicídios verificado durante a primeira vaga foi ainda afetado por fatores como a redução dos horários de trabalho e o encerramento das escolas.
À medida que a pandemia se vai prolongando, com consequências para os setores de atividade que obrigou muitos a irem para casa, a violência doméstica tem vindo a aumentar, fator que fez disparar a taxa de suicídio entre as mulheres para 37%, evidenciam os investigadores. Este número é cerca de cinco vezes superior ao aumento registado entre os homens. Já a taxa de suicídio entre as crianças aumentou 49% na segunda vaga, depois do encerramento de todas as escolas no país.
O primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga decretou este mês um novo estado de emergência para Tóquio e três regiões vizinhas numa tentativa de conter a pandemia. Esta semana a medida foi alargada para outras sete regiões, incluindo Osaka e Kyoto.
Em declarações à agência Reuters, o ministro japonês Taro Kono admitiu que embora o governo do país considere prolongar o estado de emergência, “não se pode matar a economia”.
“As pessoas estão preocupadas com a Covid-19. Mas muitas pessoas também cometeram suicídio porque perderam os seus empregos e o seu rendimento. É preciso encontrar um equilíbrio”, acrescentou o ministro.