O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu esta sexta-feira que a vacina contra a Covid-19 não pode estar sujeita a uma “política de racionamento” e criticou o laboratório Pfizer pelo anunciado atraso na distribuição de doses.
“Tivemos a notícia” de “que a Pfizer, a multinacional produtora de vacinas, vai atrasar duas ou três semanas a distribuição das vacinas”, disse o líder comunista, num comício, em Montemor-o-Novo (Évora).
Mas, fruto destas “duas a três semanas, por esse mundo fora, por esta Europa fora” e em Portugal, “quantas mortes vão acontecer por este atraso”, questionou.
“E pela dependência que temos de uma única multinacional, que põe com certeza o lucro à frente do direito a ter direitos, do próprio direito à vida, que é um direito fundamental”, criticou Jerónimo de Sousa.
O secretário-geral do PCP argumentou que “a situação em Portugal não é satisfatória” e “a vacina é um importante meio de combate ao vírus” e para “salvar vidas”.
E este meio de combate à Covid-19 “não pode estar” sujeito “à política de racionamento que serve os interesses dos laboratórios das duas empresas multinacionais americanas que querem ter o monopólio da venda das vacinas na União Europeia”, assinalou.
“Nem tão pouco aos seus objetivos, limitações e dificuldades de produção e entrega em tempo útil”, acrescentou, criticando a “solução aceite por Portugal da compra conjunta de vacinas”, mas que “alguns logo furaram, como é o caso da Alemanha”, que comprou “milhões” de doses “por fora”
Esta solução “não permite a vacinação em massa das populações. A vida das populações não pode esperar”, alertou Jerónimo de Sousa, no comício de apoio à candidatura de João Ferreira às eleições presidenciais. .
Segundo o líder comunista, estas empresas “resistem a subcontratar outros laboratórios e partilhar patentes, apesar de todas as ajudas e dos volumosos meios financeiros públicos, e são milhões, postos à sua disposição para a investigação e produção da vacina e seu escoamento garantido”.
Há, contudo, “outras vacinas em outros países do mundo” e “não se justifica que o Governo português fique condicionado”.
Portugal não pode aceitar que os interesses egoístas destes grandes potentados farmacêuticos prevaleçam sobre o direito à saúde e à vida das populações. É preciso agir para pressionar os grandes laboratórios e também encontrar soluções para diversificar a aquisição das vacinas. E esta é uma prioridade”, exigiu.
O laboratório norte-americano Pfizer advertiu esta sexta-feira para uma quebra “a partir da próxima semana” nas entregas das vacinas anticovid na Europa, com vista a melhorar a sua capacidade de produção, anunciaram esta sexta-feira as autoridades norueguesas.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse esta sexta-feira que as doses das vacinas da Pfizer que deveriam ser entregues no 1.º trimestre vão ser entregues até ao final de março, apesar dos atrasos anunciados.
A pandemia de Covid-19 provocou mais de 2 milhões de mortos resultantes de mais de 93 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 8.543 pessoas dos 528.469 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.