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André Ventura tenta lançar contra-campanha “batom negro de luto”

Este artigo tem mais de 3 anos

André Ventura acusou o Governo socialista de nada ter feito para impedir o caos nos hospitais e aproveitou para acusar a esquerda de ter as prioridades trocadas. "Batom negro" é a contra-campanha.

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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Mais um episódio do pingue-pongue em que se transformou a campanha presidencial. Depois do movimento “batom vermelho”,  André Ventura deu um passo em frente e desafiou agora os apoiantes a lançarem o movimento “batom negro”.

“Por mim, meus amigos, os meus lábios seriam pintados de preto pelo luto que tenho pelo estado da nação. Chamemos-lhe campanha dos lábios negros porque é forma como devemos dizer o estado em que o país está”, afirmou o candidato do Chega, durante um comício em Bragança para poucas dezenas de militantes.

Mas não foi só a esquerda o alvo dos ataques de André Ventura. Tal como tinha feito em Chaves, o líder do Chega aproveitou o caos nas urgências hospitalares para responsabilizar António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa e tentar capitalizar a partir daí.

“Se esta candidatura ficar à frente da esquerda e da extrema-esquerda, então é um claríssimo sinal vermelho para o Governo inverter aquilo que tem feito ao país e um claríssimo sinal vermelho para que Marcelo Rebelo de Sousa, a vencer, inverta o seu estilo de Presidência”, atirou André Ventura.

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Com a tendência das sondagens a reforçarem o segundo lugar para Ventura, o candidato do Chega começa a apostar as fichas no desgaste de Marcelo Rebelo de Sousa para tentar chegar mais longe no dia 24 de janeiro.

Pode ouvir aqui a reportagem da Rádio Observador:

Estudantes oferecem constituição a Ventura

“Concordo com os ideais do senhor Ventura”

Ainda antes do comício no Auditório Paulo Quintela, André Ventura passou pela Oficina da Castanha, um café-mercearia que abriu exclusivamente para receber o candidato e a comunicação social, onde provou um copo de licor, inspecionou atentamente os produtos locais e ainda teve tempo de descobrir uma palavra nova enquanto folheava um Dicionário das Palavras Soltas do Povo Transmontano.  Ventura abriu o livro, viu a palavra “escatear”, leu-a em voz alta e satisfez a curiosidade alheia: “Chamar aos berros muitas vezes e prolongadamente”. “Os meus discursos são assim”, divertia-se.

O deste sábado, para pouco mais de 30 pessoas, toldadas pelo frio brigantino e pelo longo atraso do candidato, esteve longe de fazer jus ao sentido da palavra. Mas havia surpresas reservadas. Terminado comício, quando a comunicação social se preparava para rumar ao último ponto da agenda do candidato, a inauguração da sede da distrital do Chega/Bragança, o staff de Ventura interrompeu a debandada de uns quantos jornalistas para informar que elementos da comunidade cigana iriam estar presentes no momento solene e que teriam todo o interesse em prestar declarações.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

No número 99 da Avenida Sá Carneiro cabiam pouco mais do que meia dúzia de pessoas mas nem por isso deixou de se cumprir o prometido. Ao lado dos convidados especiais, Ventura abriu as hostilidades (“este é um exemplo de como o Chega não tem nenhum intuito racista) e cedeu o palco a Fátima Gomes e Nataniel André, donos de uma “rulote de fast food“, por estes dias em regime de takeway, que decidiram deixar o serviço para assistir ao comício do candidato do Chega. E Fátima Gomes cumpriu a sua parte.

“Não me sinto minimamente atingida [pelas referências de André Ventura] porque estou integrada na sociedade. Pago os meus impostos. Às vezes, a própria sociedade não os deixa integrar e alguns deles também não querem ser integrados porque a a maioria vive de tradições. Se o Estado não desse tanto eles seriam obrigados a trabalhar.”

Assumindo que ainda não era militante do Chega (“mas já vamos tratar disso”) e que tinha sido convidada pela comitiva de André Ventura a acompanhar a inauguração da sede do partido, Fátima Gomes não escondeu a admiração pelo líder do Chega. “Concordo com os ideais do senhor André”, resumiu. Estava cumprido o programa.

“Enquanto pintam os lábios de vermelho não veem as filas de ambulâncias”

Antes da passagem por Bragança, houve tempo para um almoço improvisado em Chaves seguido de um debate no Teatro de Vila Real. Junto de um pequeno grupo de comensais, alimentado a vitela grelhada e arroz de feijão, o líder do Chega aproveitou os momentos de caos vividos junto de vários hospitais durante a noite de sexta-feira, para se lançar contra a esquerda.

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“Este é o estado em que a esquerda deixou a nossa Saúde. Enquanto pintam os lábios de vermelho não veem as filas de ambulâncias, as mulheres a serem violadas, pedofilia e a corrupção”, atirou o candidato. “É um país que perdeu a noção do ridículo e e esqueceu as suas prioridades.”

Colando Marcelo Rebelo de Sousa e Ana Gomes às falhas na resposta à pandemia, “os dois candidatos socialistas” nesta campanha, Ventura definiu mais uma vez como objetivo derrotar a “frente de esquerda” que se está a “rebelar” contra o Chega.

“À medida que avançamos, somos [cada vez mais] o alvo e o foco. Não sei se Marisa Matias e João Ferreira vão desistir ou não. A história julgará as decisão que tomarem esta semana. Nós não vamos deixar de sair de casa. Não teremos uma segunda oportunidade. Revolução, é isso que vamos provocar em Portugal”, prometeu o líder do Chega.

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“Somos todas pindéricas!”

Depois do almoço, a caravana de Ventura seguiu para o Grande Auditório do Teatro de Vila Real, organizado pela “Youth Academy”, uma associação política juvenil e sem filiação partidária.

À espera do líder do Chega estava, mais uma vez, um grupo de manifestantes anti-Ventura, cerca de 50 jovens com bandeiras LGBT e gritos de “Pra cá do Marão, fachos não entrarão”, “democracia sempre, fascismo nunca” e “somos todas pindéricas!”, sob vigilância atenta de cerca de 15 agentes da PSP.

Uma constante ao longo de toda a campanha e, tal como nos dias anteriores, nada que atrapalhasse muito André Ventura. Já no debate, que obedeceu às normas impostas pelas autoridades de saúde, o líder do Chega voltou a resumir este tipo de manifestações como uma reação do sistema contra quem representa a rutura.

“Precisamos de abanar o sistema tal como ele está. Ninguém pensa que o muda de forma levezinha. Quando acreditamos que o que estamos a fazer é o certo não há nada que nos faça parar”, garantiu o candidato. À saída, aos jornalistas, Ventura deixou claro que estes grupos “têm todo o direito de se manifestarem”. “Mas eu também tenho direito de fazer a minha campanha.”

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“Não somos antidemocráticos. Sou contra a ditadura”

Numa primeira intervenção, muito centrada nos desafios que os jovens enfrentam, Ventura falou do problema da emigração de cérebros e denunciou a falta de políticas de fixação de pessoas e famílias no interior. “A aposta na juventude nunca aconteceu. Mas é melhor discutir o racismo, é melhor discutir os ciganos, os lábios pintados. É mais fácil”, insistiu o candidato do Chega.

Ventura aproveitou, ainda, para tentar desmistificar aquilo que diz serem preconceitos em relação ao programa do Chega, em particular na questão da Justiça e na política sobre minorias. Quanto à defesa da pena perpétua para crimes graves, Ventura garantiu que não se trata de um laivo “antidemocrático” ou ditatorial. “Não somos antidemocráticos. Sou contra a ditadura, todas as ditaduras. Mas a Constituição não é a Bíblia. Não aceito que um violador e um homicida tenham em Portugal seis anos de prisão. Há crimes cuja única solução é prisão perpétua”, defendeu.

Sobre a questão das minorias, o líder e candidato do Chega tentou explicar a sua posição: o que defende não é uma política anti-minorias; mas que essas minorias  cumpram as regras. “Não posso aceitar que determinados grupos entendam como padrão de comportamento que não têm de cumprir as regras a que outros estão obrigados”, disse.

Num dos momentos do debate, um dos organizadores ofereceu uma Constituição da República de bolso sugerindo que Ventura a devia estudar melhor antes de a querer “rasgar”.

Na resposta, Ventura defendeu que a Lei Fundamental não pode servir para impedir uma reflexão democrática sobre temas como a prisão perpétua, a redução do número de deputados ou a castração química. “Daqui a pouco o 25 de Abril não permite nada. É normal que a esquerda goste da Constituição; mas o país não é só a esquerda”, insurgiu-se.

A leitura estanque da Constituição, defendeu Ventura, tem um carácter antidemocrático e os que querem impedir essa discussão são, eles próprios, antidemocratas. O líder do Chega garante estarrno oposto. “Sou o maior democrata que este país já teve e terá”, atirou, merecendo um dos aplausos da tarde.

A terminar, o líder e candidato do Chega deixou ainda uma promessa: “Estamos fartos de ter minorias barulhentas a fazer mais do que as maiorias silenciosas. As pessoas estão fartas. Serei apenas o Presidente dos portugueses de bem”, rematou.André Ventura tenta lançar contra-campanha “batom negro de luto”

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