A líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, acusa o Governo de impor restrições a todos os setores da economia exceto ao negócio privado da saúde, que “só faz o que quer e nas condições que quer”.

“Todos os setores da economia têm tido restrições. Os cafés e restaurantes estão fechados. A cultura não pode funcionar. O turismo não tem clientes. Não se compreende que em todos os setores possa haver instruções diferentes, mas quando chega ao negócio privado da saúde só se faz o que quiserem e nas condições que quiserem”, declarou esta manhã Catarina Martins, depois de ter votado para o próximo Presidente da República no regime de voto antecipado em mobilidade.

Questionada pelos jornalistas sobre notícias de doentes dentro de ambulâncias de bombeiros à espera de entrar nos hospitais durante várias horas e de uma morte registada nesse contexto, a líder do BE declarou: “É o momento de sermos todos a responder à pandemia [e de colocar] toda a capacidade de saúde do país, privada e social, sob a alçada do Serviço Nacional de Saúde para garantir os meios necessários a toda a população”.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses denunciou este sábado que há doentes transportados para os hospitais a passarem “horas nas macas das ambulâncias”, tendo sido já registada a morte de um paciente dentro da ambulância sem entrar na unidade hospitalar.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Quando há uma pandemia todos somos chamados à nossa responsabilidade. Temos dito que é preciso a requisição do setor privado e social da saúde para que sobre as instruções do SNS [Serviço Nacional de Saúde] e a articulação do SNS se garanta os cuidados prioritários de saúde, seja de covid, seja de não covid, a toda a população. Não compreendemos porque é que o Governo ainda não avançou”, afirmou.

Na opinião de Catarina Martins, este é o momento em que não se pode dispensar “nenhuma da capacidade de saúde instalada em Portugal”.

“Os profissionais de saúde estão a dar o seu melhor. Têm sido incansáveis. Estão exaustos e não abandonam os seus postos de trabalho, não abandonam a população portuguesa. Estão também a pedir-nos a todos para levarmos a sério esta doença e para seguirmos as indicações de saúde e devemos fazê-lo, pelo respeito que devemos uns aos outros e pelo respeito que devemos aos profissionais de saúde, que estão a dar o seu melhor todos os dias. Dito isto. Este é o momento em que não podemos dispensar nenhuma da capacidade de saúde instalada em Portugal”, concluiu.

As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal em 24 de janeiro, a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia, desde 1976. A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro.

Há sete candidatos: o incumbente Marcelo Rebelo de Sousa (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o deputado único do Chega, André Ventura, o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e “Os Verdes”), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva (presidente do RIR – Reagir, Incluir, Reciclar).