“A confiança é o que nos sustenta e o que dividiu a América. Quando um presidente polarizou, semeou a discórdia e a desconfiança e mentiu sistematicamente, destruiu a estabilidade e a confiança”, disse este sábado Armin Laschet, acabado de eleger, para depois prometer continuidade e mudança no seu turno à frente da CDU de Angela Merkel.

“Continuar a ser bem sucedido não significa continuar a fazer da mesma maneira. Os ventos de proa estão muito mais duros. As forças que se nos opõem tornaram-se muito mais fortes. Vamos ter de fazer muitas coisas de forma diferente e inovadora depois da pandemia”, prosseguiu Laschet, 60 anos no próximo mês, para depois pedir o apoio dos colegas do partido e evocar a memória do pai, mineiro em Aachen, cidade na região de Colónia, no estado da Renânia do Norte-Vestfália — a que preside, como ministro-presidente, desde 2017, numa coligação com o com o Partido Liberal (FDP).

Também o seu pai, disse de forma arrebatada Laschet, parte da ala mais liberal da CDU, teve de confiar nos outros mineiros. “Quando estás lá em baixo, numa mina, não interessa de onde vieram os teus colegas”, metaforizou, numa tentativa de conciliar o conservador Friedrich Merz, acabado de derrotar, à segunda volta, por uma margem de 55 votos.

Armin Laschet é o novo líder da CDU de Angela Merkel

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Unidade é a palavra do momento no partido que Annegret Kramp-Karrenbauer, a delfim de Merkel e atual ministra da Defesa, que há 11 meses resignou ao cargo, deixou à deriva. “Há muita gente que acima de tudo gosta de Angela Merkel e só depois da CDU”, disse Laschet. “A reputação da chanceler aqui e nos estrangeiro pode ser resumida numa única palavra: confiança. Agora precisamos de ter confiança como partido. Isto não não pode ser oferecido, não pode ser herdado, não não pode ser apenas transmitido. Esta confiança precisa de ser conquistada.”

Católico e pai de três filhos, Armin Laschet é descrito pela imprensa internacional como um “aliado leal” da chanceler Angela Merkel, o que não significa que nos últimos meses não tenha sido alvo de várias reprimendas da chefe de Estado, relativamente à gestão da pandemia no estado da Renânia do Norte-Vestfália, o mais afetado na Alemanha durante a primeira vaga da doença.

Mau aluno na escola, chegou a repetir alguns anos, o que não invalidou que aos 18 anos se filiasse na CDU e iniciasse a caminhada que em 1994 o levou até ao Parlamento Federal, o Bundestag, e em 1999 ao Parlamento Europeu, para em 2005 voltar à política regional — durante cinco anos foi Ministro de Estado para as Gerações, Família, Mulher e Integração do governo da Renânia do Norte-Vestfália.

Em 2012, depois de dois anos antes ter sido mal-sucedido no mesmo objetivo, foi eleito para o mais alto cargo do partido no estado — e meses depois chegou à vice-presidência da CDU a nível nacional, juntamente com Volker Bouffier, Julia Klöckner, Thomas Strobl e Ursula von der Leyen, hoje presidente da Comissão Europeia.

Apesar de ter alcançado agora o topo da CDU, isso não significa que Laschet, fã confesso e habitualmente mascarado do carnaval do Reno, vai ser o candidato do partido às eleições gerais de setembro, para a cadeira que Angela Merkel ocupa desde 2005 e vai finalmente deixar vaga. Jens Spahn, ministro da Saúde alemão, que apoiou a sua eleição, é um forte candidato à nomeação. Markus Söder, ministro-presidente do estado da Bavária, também.