O vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) Mateus Magala disse esta segunda-feira em entrevista à Lusa, que foram abertas duas linhas de crédito em Angola e Moçambique, de 70 milhões de dólares, ao abrigo do Compacto Lusófono.

“Os projetos de Angola e Moçambique estão mais avançados, tendo já duas linhas de crédito aprovados pelo BAD recentemente no valor global de 70 milhões de dólares [58 milhões de euros] para apoiar as Pequenas e Médias Empresas nesses países através da banca comercial”, disse Mateus Magala em entrevista à Lusa a partir de Abidjan, a sede do banco.

“Estes projetos encontram-se estrategicamente alinhados com os planos nacionais de desenvolvimento de cada país, bem como com as cinco áreas prioritárias operacionais do BAD, as ‘High 5’ (Iluminar e Eletrificar África, Alimentar África, Integrar África, Industrializar África e Melhorar a qualidade de vida das pessoas em África)”, acrescentou o responsável, não precisando quais são os projetos, em concreto, que terão financiamento ao abrigo desde modelo inovador de acompanhamento dos projetos nos países africanos lusófonos.

“De uma forma geral, foram identificados projetos potenciais estruturantes em todos os países membros dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], nas áreas de infraestruturas, agricultura, energia, saúde, finanças e indústrias no montante global de 3 mil milhões de dólares [quase 2,5 mil milhões de euros]”, respondeu o banqueiro, quando questionado sobre os projetos concretos que serão financiados.

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O Compacto Lusófono é um modelo inovador de financiamento dos projetos nos países lusófonos africanos, em que Portugal, que tem inscrita uma garantia de 400 milhões de euros no Orçamento do Estado para este ano, e o BAD desempenham um papel primordial no financiamento, preparação, acompanhamento e execução dos projetos.

“O BAD é o financiador principal dos projetos do Compacto Lusófono, através dos recursos alocados (disponibilizados) para os países e de alavancagens que faz através de parcerias com outros agentes económicos, incluindo o setor privado”, disse Mateus Magala quando questionado sobre quem financia, na prática, os projetos.

“A Garantia de 400 milhões de euros disponibilizada pelo Governo de Portugal irá mitigar o risco de projetos potenciais que envolvem alguma participação ou comparticipação portuguesa, alavancando os recursos existentes do BAD, até seis vezes para estes países, aumentando assim o número de projetos privados e parcerias público-privadas financiados pelo BAD nestes países”, explicou o vice-presidente do maior banco multilateral africano.

Para além disso, o BAD intervém também como angariador de financiamento, já que a participação do banco nos projetos diminui o risco percecionado pelos investidores, baixando assim, de forma genérica, o próprio custo dos investimentos e do financiamento.

“O BAD, através de sindicato, mobilizará recursos financeiros adicionais de outras instituições financeiras internacionais para financiarem projetos do Compacto; uma plataforma aceleradora é o Fórum de Investimento em África, que junta os investidores ao nível global, com os promotores com projetos estruturantes em África”, trazendo outros parceiros, como “instituições financeiras de desenvolvimento africanas e não africanas como o Banco Europeu de Investimento”, afirmou.