Literalmente com barba de três meses, Aditya Singh baixou a máscara para responder aos dois funcionários da United Airlines que o interpelaram e mostrou-lhes o cartão de identificação que trazia ao pescoço — pertencia a um gestor de operações do aeroporto de O’Hare, em Chicago, e tinha sido dado como perdido a 26 de outubro.

Foi assim que este sábado de manhã, depois de mais de três meses a viver numa zona restrita daquele aeroporto, após deliberadamente ter perdido o voo de regresso para casa, em Los Angeles, o homem, de 36 anos, foi descoberto e detido pelas autoridades, contou o jornal local Chicago Tribune.

Quando, pelas 11h, a polícia o algemou, junto à porta F12 do terminal 2, Aditya Singh, desempregado com um mestrado em hotelaria e morada partilhada num subúrbio de Los Angeles, justificou a sua presença ali: tinha “medo de voltar para casa por causa da Covid”.  Contou ainda que ao longo dos meses que viveu naquela zona do aeroporto de Chigaco, reservada apenas a funcionários e passageiros, sobreviveu com a ajuda de pessoas em trânsito, que lhe foram dando comida.

Este domingo, descreve também o Chicago Tribune, a juíza Susana Ortiz, a que Singh foi presente, não conteve o espanto quando ouviu a descrição dos factos. “Se a entendi bem, está a dizer-me que um indivíduo não autorizado, não funcionário, viveu alegadamente numa zona segura do terminal do aeroporto de O’Hare de 10 de outubro a 16 de janeiro e não foi detetado?”, perguntou, incrédula, à procuradora responsável pelo caso.

No final, a juíza estabeleceu a fiança do homem, que nunca foi violento nem tinha, até à data, cadastro, no valor de mil dólares — com a condição de nunca mais se aproximar das instalações do aeroporto de O’Hare.

Aditya Singh, que entretanto vai ter de regressar a tribunal no próximo dia 27 de janeiro, está acusado de um crime de invasão de área restrita e de um delito de roubo.

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