O fim de semana foi marcado pelas imagens de filas de ambulâncias e por declarações de responsáveis políticos e especialistas a alertar para a gravidade da situação nos principais hospitais do país. Esta segunda-feira o cenário manteve-se, com vários hospitais a trabalhar no limite.

Lisboa e Vale do Tejo

Lisboa e Vale do Tejo é a região do país mais afetada pelo aumento de internamentos. Na manhã desta segunda-feira, no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, estavam 204 doentes internados, 19 em cuidados intensivos, o tempo médio de espera para o atendimento de doentes urgentes era de 12 horas. Para diminuir a pressão, o hospital, que pretende também vir a suspender os tratamentos de quimioterapia para doentes oncológicos e transferir o serviço para privados, já foi obrigado a transferir doentes para hospitais fora do SNS, como o dos Lusíadas ou o das Forças Armadas.

Já no maior hospital do país, o de Santa Maria, havia esta terça-feira 202 pacientes internados com Covid-19, 43 deles em unidades de cuidados intensivos. Como Marcelo Rebelo de Sousa revelou este domingo à noite, na unidade, parte do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, restam apenas 12 camas vagas — apenas uma em UCI.

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O Hospital Garcia de Orta, em Almada, converteu mais cinco camas para doentes Covid-19, que já estão todas ocupadas, estando esta segunda-feira internados 176 doentes infetados com o vírus SARS-CoV-2. Segundo uma nota do hospital, localizado no distrito de Setúbal, 156 doentes estão internados em enfermaria, 17 em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e três doentes estão em Unidade de Hospitalização Domiciliária (UHD).  No comunicado, o Hospital Garcia de Orta salienta ainda que esta segunda-feira voltou a registar-se um crescimento dos doentes internados com infeção por SARS-COV-2, pelo que continua a ajustar a lotação afeta à Covid-19, de modo a acomodar mais doentes.

Por sua vez, o Hospital de Cascais encontra-se com uma taxa de ocupação de 100% para doentes Covid-19 em enfermaria e Unidade de Cuidados Intensivos, segundo dados divulgados esta segunda-feira à agência Lusa pela unidade hospitalar. De acordo com informações disponibilizadas por fonte do Hospital de Cascais (distrito de Lisboa) à Lusa, existiam esta terça-feira naquela unidade hospitalar 16 doentes infetados pelo novo coronavírus internados na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e 93 em enfermaria, o que corresponde a uma ocupação total.

Também o Centro Hospitalar do Oeste (CHO) está no limite da capacidade de internamento de doentes infetados pelo novo coronavírus, com apenas uma cama livre, mas a situação nas urgências está controlada, segundo a administração. Em comunicado, a administração do CHO indica que no centro hospital, com capacidade para 102 doentes infetados pelo novo coronavírus, encontravam-se esta segunda-feira “101 doentes Covid internados em enfermaria”.

Centro

Os hospitais da região Centro estão praticamente no limite por causa do combate à pandemia da Covid-19, mas a situação mais crítica verifica-se no Centro Hospitalar Tondela-Viseu, onde as taxas de ocupação atingiram os 100%, disse esta segunda-feira a Administração Regional de Saúde do Centro ARSC.

Fonte da ARSC disse à agência Lusa que foi por isso mesmo que se providenciou um hospital de campanha no Fontelo, em Viseu, para responder à situação.

O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) também está prestes a atingir a lotação de camas em enfermaria e unidade de cuidados intensivos para doentes Covid-19, disse fonte daquela unidade de saúde. Fonte do CHUC informou que, à data desta segunda-feira, estavam 294 doentes internados em enfermaria, para uma lotação de 305 camas, e 50 doentes críticos em Unidade de Cuidados Intensivos, para uma lotação de 55.

Em Leiria, também são apenas 5 as camas que restam por ocupar em enfermaria — de entre um total de 120.

Norte

Os hospitais da região Norte estiveram perto de uma situação de rutura em dezembro e atualmente já se mostram disponíveis para receber doentes das regiões mais afetadas. É o caso do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, em Penafiel, que na última semana conseguiu aumentar a capacidade instalada para doentes Covid em mais 5 camas; e de Ovar, onde o presidente da Câmara já avançou que só está à espera de uma indicação do Governo para reabrir o hospital de campanha local e poder ajudar assim os centros mais pressionados pela pandemia.

Já no Hospital de São João, no Porto, a taxa de ocupação de doentes Covid é de 82%.

O Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, por seu turno, prepara enfermaria com mais 18 camas para doentes Covid-19, depois de aberta uma outra no sábado que atingiu esta segunda-feira os 80% de capacidade, indicou fonte daquele hospital. Em informação remetida à agência Lusa, o CHVNG/E descreve que está a revelar-se necessário alargar a resposta para acolher doentes Covid-19, razão pela qual está a ser preparada uma reserva de mais 18 camas em enfermaria.