A ministra da Saúde, Marta Temido, mostrou-se esta terça-feira muito preocupada com a evolução da pandemia em Portugal, depois de o país ter superado pela primeira vez as duas centenas de mortes por Covid-19 num só dia e o número de novos casos por dia não dar mostras de abrandar — colocando o país no topo dos países a nível global no que toca ao número de novos casos diários por milhão de habitantes.

Estamos muitíssimo preocupados com os números que temos, com os óbitos, com os novos casos“, disse Marta Temido no Parlamento, no primeiro debate do ano sobre política geral com a presença do Governo. “Mas temos conseguido aumentar o ritmo de testagem, graças a uma cooperação entre vários setores — haja meios que todos cá estaremos para aproveitar essa capacidade de cooperação.”

Os próximos tempos serão duríssimos. Por favor, ajudem-nos todos!“, pediu a ministra da Saúde.

Marta Temido respondia a uma pergunta do deputado único do partido Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, sobre os motivos pelos quais Portugal não está a aproveitar toda a capacidade instalada em saúde, recorrendo aos privados. Cotrim de Figueiredo deu o exemplo do hospital privado de Miranda do Corvo, que está “prontinho a estrear e até tem mais camas do que as que foram disponibilizadas pela Cidade do Futebol“. Na manhã desta terça-feira, o candidato do partido à Presidência da República, Tiago Mayan Gonçalves, fizera uma visita àquele hospital, classificando como “surreal” o facto de ter visto “ventiladores fechados numa sala”.

A ministra respondeu com irritação. “O tempo é demasiado grave para nos perdermos com questões que não têm correspondência com a realidade. Onde está o hospital? O que temos é camas, o que temos é espaço, o que temos é um contrato que o SNS já tem com esse hospital para cerca de 80 camas de cuidados integrados. Isso não é um hospital, paremos de enganar os portugueses. Há enfermeiros para mandar para lá? Há médicos para mandar para lá?”, perguntou Marta Temido.

Não há. Houvesse e seria isso que faríamos agora, porque os tempos estão demasiado graves”, acrescentou a ministra da Saúde.

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