Um dos três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) acusados do homicídio qualificado de Ihor Homenyuk vai contestar a acusação do Ministério Público, defendendo que deveriam ser constituídos arguidos dois seguranças da empresa Prestibel e dois outros inspetores do SEF pelos crimes de omissão de auxílio e sequestro, escreve o jornal Público esta quarta-feira.

Segundo a contestação a que o Público teve acesso — e que segue a defesa dos inspetores que já estava no processo, onde culpavam os vigilantes —,  Luís Silva “nega ter sido o autor de qualquer agressão a Ihor Homenyuk” no aeroporto de Lisboa, em 12 de março de 2020, e põe em causa a autópsia realizada no Instituto de Medicina Legal pelo médico Carlos Durão, que alertou as autoridades para o crime de homicídio.

“Temos a folha limpa”. Inspetores do SEF culpam vigilantes pela morte de Ihor Homeniuk e dizem que houve outras agressões

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O arguido defende que a morte de Ihor Homenyuk se deveu a problemas de saúde e à falta de assistência médica, alegando que o cidadão ucraniano sofria de doenças crónicas, entre elas alcoolismo e hipertensão. Na contestação lê-se, segundo o Público, que na madrugada do dia em que morreu Ihor Homenyuk apresentava evidências de abstinência e que o facto de não ter sido medicado para tal pode ter desencadeado a sua morte.

Depois de lhe ser recusada a entrada em Portugal a 10 de março, Ihor Homenyuk sofreu uma crise descrita pelos inspetores do SEF como epilepsia. Foi, depois, encaminhado para o Hospital de Santa Maria, onde passou a noite, regressando ao Centro de Instalação Temporária (CIT) do aeroporto de Lisboa no dia seguinte. No relatório médico eram referidos hábitos alcoólicos e uma alegada crise epilética.

De acordo com o mesmo jornal, a defesa de Luís Silva alega que, desde que recebeu alta no hospital até ser colocado numa cadeira de rodas para o voo de regresso no dia 12, decorreram cerca de 30 horas sem que o cidadão ucraniano tivesse tomado a medicação de prevenção destas crises.