“Desde o início que temos tentado tirar partido das capacidades de Cristiano Ronaldo, das suas características, e queríamos que estivesse perto da baliza. Ele é decisivo em todo o lado mas isso é normal quando temos um campeão como ele, alguém de quem dependemos”, dizia Andrea Pirlo antes da deslocação da Juventus a Milão, então para defrontar o AC Milan. Também aí, a Vecchia Signora ganhou até sem golos do português, seguindo-se mais dois triunfos na Serie A e na Taça, sendo que na última o avançado teve de ser lançado em jogo ainda antes do prolongamento para evitar males maiores com o Génova. Depois, seguiu-se o Inter. E, até mais do que a derrota, a forma como o conjunto de Turim caiu fez disparar os alarmes. Até porque a frase supracitada tem um “se”.

Ronaldo, que foi eleito esta quarta-feira pela 15.ª vez para a melhor equipa do ano da UEFA pelos adeptos, pode fazer essa diferença se tiver uma equipa que, mais do que jogar para si, jogue consigo. Foi isso que não aconteceu, por exemplo, em Milão: além do “atropelamento” tático de Conte a Pirlo, a defesa bianconeri mostrou demasiadas vulnerabilidades contra avançados que não perdoam, o ataque teve muito pouco jogo para finalização e o meio-campo chegou ao final dos 90 minutos sem que se percebesse a estratégia que trazia para o encontro. E era isso que a equipa teria de corrigir apenas três dias depois da derrota com o Inter, numa final da Supertaça com o Nápoles que poderia valer o primeiro título de uma temporada que se prevê complicada para a Juventus.

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“Fomos demasiado passivos, como se não chegássemos a entrar em campo. Fomos temorosos e na cabeça só pensámos em defender e de uma forma pouco agressiva. É uma derrota pesada, não a esperávamos, pior do que isto não poderíamos ter jogado”, lamentou Pirlo após esse desaire em San Siro. “O Nápoles tem uma equipa muito forte, com capacidade física e técnica. Devemos aproveitar ao máximo as oportunidades que criarmos. Temos de aprender com o que fizemos de mal e dar a volta. É um momento complicado, como existem alguns ao longo de uma temporada, mas é bom voltarmos já ao ativo e com a possibilidade de lutar por um troféu. Estou desapontado pelos jogadores, alguns sofreram críticas injustas. Prefiro que me critiquem a mim. Agora não há volta a dar, não existe outro caminho, é chegarmos à final e ganhar”, destacou o técnico na antevisão do jogo em Reggio Emilia.

As baixas eram muitas, sobretudo na defesa com os infetados com Covid-19 Alex Santos e De Ligt e o lesionado Demiral (além de Dybala, sendo que Cuadrado já recuperou), a margem de erro nula. E Ronaldo, que pela Juventus já ganhara um total de três títulos entre Campeonato (dois) e Supertaça, voltou a ser decisivo, marcando o único golo da partida que valeu o quarto troféu em Itália e o 30.º da carreira, contando com os 28 entre Manchester United, Real Madrid e Juventus e mais dois pela Seleção. Em paralelo, e para alguns órgãos, o 760.º golo valeu ao português o título de melhor marcador de sempre à frente de Josef Bican, uma “conta” que não é unânime entre vários meios que dão ao antigo avançado 805 golos mas que não retira mais um título a CR7.

Numa primeira parte sem grandes oportunidades e demasiado “trancada” com a vitória das defesas sobre os ataques, Ronaldo deixou o primeiro aviso com um remate desviado por Ospina após passar por dois adversários e Danilo procurou terrenos interiores para tentar também surpreender como aconteceu frente ao Sassuolo mas seria de Lozano a melhor chance dos 45 minutos iniciais, obrigando Szczesny a uma grande defesa (28′). Ainda antes do intervalo, o português deixaria mais uma ameaça, numa diagonal da esquerda para o centro com rematem mas a tentativa saiu por cima, gorando-se assim a última possibilidade de desfazer o nulo (40′).

No segundo tempo, a Juventus teve uma entrada mais forte, impediu o Nápoles de sair em transições como ainda tinha feito na primeira parte e, já depois de Ospina ter evitado o golo de Bernardeschi em cima da linha logo no recomeço e de um desvio do português entre guarda-redes e defesa que por pouco não seguiu para a baliza, Ronaldo aproveitou uma bola perdida na área após canto que bateu nas costas de Bakayoko para rematar forte para o 1-0 que iria decidir a final da Supertaça (63′), apesar de uma grande penalidade falhada pelo Nápoles, com Insigne a atirar ao lado, na única oportunidade da segunda parte para a formação de Gattuso (79′) até Szczesny salvar com os pés o empate e a Vecchia Signora marcar o 2-0 num contra-ataque por Morata (90+4′).