A conselheira para a Saúde da região da Lombardia, Letizia Moratti, enviou uma proposta de quatro critérios para a distribuição das vacinas em Itália. Todos eles favorecem a região, mas foi a referência ao PIB que fez estalar a polémica.

No cargo há cerca de duas semanas, a também vice-presidente da região incluiu na proposta de critérios de distribuição da vacina: a contribuição de cada região para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, a densidade populacional, a mobilidade e o impacto da pandemia no território.

Ora, a Lombardia é a região mais rica de Itália (representa cerca de um quarto do PIB), é a região italiana com maior densidade populacional (cerca de 10 milhões de habitantes), tem uma grande presença de empresas e representa mais de um quinto dos casos de infeção e um terço dos mortos desde o início da pandemia. No total, são 520 mil casos e 26.405 mortes.

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Do lado do Governo a reação não se fez esperar. “Usar o parâmetro do PIB é uma hipótese contrária ao civismo e aos direitos universais”, disse o ministro dos Assuntos Regionais, Francesco Boccia, citado pelo La Vanguardia. “Em Itália, a saúde é um bem público fundamental, garantido pela constituição, não um privilégio dos que têm mais dinheiro”, reforçou o ministro da Saúde, Roberto Speranza.

O governador da região de Campania, com menos de seis milhões de habitantes, mas ainda assim com quase 210 mil casos desde o início da pandemia, disse que a sugestão se tratava de uma “barbárie”.

A conselheira emendou a mão e retirou a referência ao PIB numa nova carta enviada Domenico Arcuri, nomeado pelo governo para a gestão da pandemia, mas manteve a ideia: “Não se trata de dar vantagem às regiões mais ricas nas vacinas, mas ajudando a recuperação da Lombardia, ajudamos automaticamente a recuperação de todo o país”, disse a antiga ministra da Educação de Silvio Berlusconi.