A Ordem dos Enfermeiros recomenda que a segunda dose da vacina contra a Covid-19 seja dada de forma faseada aos profissionais de saúde — e não todos no mesmo momento — devido aos relatos de efeitos secundários incapacitantes que impedem os profissionais de irem trabalhar. A Ordem pede “prudência na segunda toma da vacina” para que “não se verifiquem problemas acrescidos na disponibilização de recursos humanos para os diversos serviços hospitalares”. Infarmed refere que menos de 1% do total de vacinados reportou efeitos indesejáveis.

“No seguimento de vários relatos de enfermeiros, que, após a toma da segunda dose da vacina contra a Covid-19, manifestaram efeitos secundários incapacitantes, situação que os obrigou a ficarem em casa, sem poderem trabalhar, a Secção Regional do Centro aconselha todos os conselhos de administração dos grandes centros hospitalares a terem cautela e prudência na decisão de vacinar todos os enfermeiros ao mesmo tempo”, lê-se no comunicado enviado às redações.

O Comité Consultivo em Práticas de Imunização, um painel de especialistas que ajuda os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos a definir as políticas de vacinação, já tinha feito uma recomendação semelhante, refere o STATNews. O comité aconselhou a vacinação faseada dos funcionários, como por exemplo não vacinar todo o pessoal das urgências ao mesmo tempo, sob pena de poder ficarem sem pessoas para trabalhar devido aos efeitos secundários da vacinação.

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Os efeitos secundários mais comuns são dor, inchaço e vermelhidão na zona da injeção. Também pode surgir febre, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, que são mais comuns depois da toma da segunda dose da vacina da Pfizer/BioNTech, que está a ser administrada em Portugal, como refere a agência norte-americana do medicamento, FDA (Food and Drug Administration).

Os jovens adultos, com um sistema imunitário mais robusto, também relataram mais efeitos secundários que os mais velhos. Estes efeitos secundários surgem, exatamente, como resultado da resposta imunitária do organismo. Significam que a vacina está a despertar uma reação imunitária e não, necessariamente, que não seja segura.

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Estes efeitos secundários são comuns, surgem dentro de sete dias após a vacinação e são, normalmente, leves ou moderados, referem os Centros para o Controlo e Prevenção da Doença dos Estados Unidos (CDC). No entanto, também já foram registados efeitos secundários mais severos e incapacitantes, como aqueles reportados pela Ordem dos Enfermeiros.

Podem assemelhar-se a sintomas de gripe e podem até afetar a capacidade de desenvolver as atividades, mas deverão desaparecer em poucos dias”, referem os CDC.

Na maior parte dos casos, os efeitos secundários representam mais um desconforto, que passa em poucos dias, do que uma situação grave, ainda assim, os CDC avisam que se o inchaço ou vermelhidão no braço aumentarem ao fim de 24 horas (em vez de diminuírem) ou se não se sentir alívio dos sintomas ao fim de alguns dias, deve contactar-se um médico.

Para reduzir a dor ou desconforto no local da picada, refrescar a zona com um pano húmido e limpo e fazer exercício ao braço. Já no caso da febre, beber muitos líquidos e usar roupas leves.

Porque é que não se deve preocupar (muito) com as reações alérgicas à vacina contra a Covid-19

Em casos muito raros, mas que já foram reportados, a vacina da Pfizer/BioNTech — e, provavelmente, outras que usem a mesma tecnologia, como a da Moderna — poderão desencadear reações alérgicas graves que se manifestam no espaço de minutos ou até uma hora após a administração da vacina, refere a FDA.

Os sinais desta reação alérgica grave podem ser: dificuldade em respirar, inchaço da cara e garganta, aumento do batimento cardíaco, erupção cutânea por todo o corpo, tonturas e fraqueza. É por isso que as pessoas devem permanecer no local onde foram vacinadas durante algum tempo, para que estes sinais sejam vigiados.

“Estes podem não ser todos os efeitos secundários possíveis da vacina da Pfizer/BioNTech contra a Covid-19”, alerta a FDA. “Efeitos secundários sérios e inesperados podem acontecer.” A justificação está no facto de os ensaios clínicos ainda não estarem todos completos e de a fase de monitorização da vacina em larga escala estar agora a começar.

Infarmed diz que efeitos indesejáveis afetaram menos de 1% dos vacinados

Perante o comunicado da Ordem dos Enfermeiros, o Infarmed respondeu ao Observador que os sintomas indicados “estão descritos no Resumo das Características do Medicamento (RCM) e eram, portanto, esperados”.

O Infarmed acrescenta que, até às 16 horas desta quinta-feira, tinham sido administradas 168 mil primeiras doses e 22 mil segundas doses — estas, apenas a profissionais de saúde.

De todas as pessoas que já foram vacinadas, o Infarmed indica que menos de 1% reportou efeitos indesejáveis, que podem ir de dor e inchaço no local da picada até febre, dores e outros sintomas que obriguem a alterar as atividades diárias.

“O Infarmed acompanha, juntamente com as restantes autoridades competentes dos Estados-membros da União Europeia e a Agência Europeia de Medicamentos, todas as notificações de suspeitas de efeitos indesejáveis associados a vacinas Covid-19”, refere a resposta ao Observador.

Atualizado às 20h10 com resposta do Infarmed