A Comissão Diocesana Justiça e Paz de Coimbra (CDJPC) saudou esta sexta-feira a entrada em vigor do Tratado Internacional de Proibição das Armas Nucleares e expressou “profunda desaprovação” ao facto de Portugal não ter assinado este acordo multilateral.

“É um começo de caminho, mas é, simultaneamente, um passo gigantesco para a Humanidade. Culmina um movimento mundial de consciencialização sobre consequências catastróficas do uso das armas nucleares com a potencial aniquilação do Homem”, afirma aquela estrutura regional da Igreja Católica numa nota enviada à agência Lusa.

Não subscrito pelos países que possuem armamento atómico, este tratado internacional entrou em vigor às 00h00 desta sexta-feira, acontecimento que foi enaltecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pelo papa Francisco.

“Culminando um trabalho de cinco anos na ONU o mesmo Tratado representa o primeiro instrumento multilateral juridicamente vinculante para o desarmamento nuclear”, realça a CDJPC, a que preside o juiz conselheiro José Santos Cabral.

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A Comissão Diocesana Justiça e Paz manifesta “júbilo pela entrada em vigor do tratado”, mas também “profunda desaprovação à posição de Portugal”.

“Não compete ao nosso país assumir a defesa ou a subserviência, perante interesses de terceiros, mas sim assumir o que lhe é imposto pela procura da justiça e da paz”, defende.

No total, 122 países aprovaram o tratado na assembleia geral da ONU, em 7 de julho de 2017.

“Ratificado por 50 países e assinado por 86, o tratado foi assinado por quase todas as nações de língua oficial portuguesa, nomeadamente Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste”, enfatiza a comissão.

Com os Estados Unidos da América e a Rússia, que detêm 90% deste tipo de armamento, o mundo conta nove potências nucleares, incluindo China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.

“Num momento em que a sociedade global necessita de uma nova esperança, o tratado constitui inspiração na criação de condições de paz e justiça. Representa um tributo às vítimas das explosões e testes nucleares, ao longo dos últimos 75 anos, as quais lhe dão a força moral fundamental”, salienta.