Em Celorico de Basto, terra da sua avó Joaquina e onde guarda parte do seu espólio pessoal (na biblioteca municipal com o seu nome), Marcelo Rebelo de Sousa deixou a última mensagem desta campanha. Um forte apelo ao voto, apoiado na situação pandémica, e um desafio aos portugueses: querem mudar de liderança quando a situação do país é esta?
O momento é “exigente”, descreveu mal começou a ler o discurso escrito que trazia para o momento. E depois de agradecer aos portugueses “os sacrifícios vividos” este ano, Marcelo passou para o apelo forte e dramático ao voto e isto porque colocou a carga pandémica toda no contentor do próximo domingo. Pediu “um voto que permita ainda poupar aos portugueses o prolongamento de uma campanha em três semanas cruciais para a pandemia e a concentração de todas as vontades num combate decisivo”.
Um chega para lá na segunda volta (que só aconteceu em 1986 no Soares Vs. Freitas) que Marcelo revelou nos últimos dias de campanha estar na sua cabeça: a pandemia pode desmobilizar ainda mais os portugueses das urnas — a abstenção é historicamente alta nas reeleições de Presidentes da República e a soma dos desmobilizados pelo confinamento geral pode aumentar ainda mais este universo.
Que o voto, deseja Marcelo, “seja como sinal que a pandemia não calou a nossa resistência, o nosso desejo de vencer, a nossa fidelidade a quase nove séculos de história”. O que não pode acontecer, disse ainda, é “a abstenção, o voto em branco e nulo”.




JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
E depois do apelo ao voto generalizado, o apelo ao voto na sua candidatura, que chegou desta forma, mais uma vez colado à pandemia: “O vosso voto decidirá se os portugueses querem renovar a sua confiança no atual Presidente da República, num instante chave de luta contra a pandemia, ou se preferem a sua substituição numa componente essencial da liderança dessa mesma luta”. Ou seja, ou ele ou outra pessoa que não ele num lugar chave que ele já executou no último ano.
E isto ainda que, mais uma vez, lembre que se responsabiliza pelo que possa ter corrido mal e na pior fase da pandemia em Portugal. “Já vos disse que assumo a responsabilidade correspondente à posição do Presidente da República, que é a de máximo responsável eleito pelo povo para o bem e para o mal”.
Lembra que foi ele que avançou com o primeiro estado de emergência, com o segundo e decretou as várias renovações. Mas também lembra que foi ele “o porta voz das sessões com especialistas e a primeira expressão a enfrentar a pandemia”. Se a avaliação é para o mal — que Marcelo não elenca no seu discurso final –, também é para o bem — que coloca em cima da mesa desta forma.
E compromete-se, até 9 de março e aconteça o que acontecer, a manter “uma luta que continuará por mais semanas e meses na frente sanitária e anos na frente social“. Marcelo Rebelo de Sousa a preparar uma longa e penosa caminhada para o próximo mandato que quer assumir em Belém.