As autoridades russas detiveram esta sexta-feira mais apoiantes do opositor Alexei Navalny e outros já detidos serão presentes a tribunal, na véspera de protestos planeados para todo o país, que as autoridades já prometeram reprimir por considerarem ilegais.
A equipa de Alexei Navalny – que está em prisão preventiva até pelo menos 15 de fevereiro, alvo de vários processos judiciais – convocou protestos para sábado em 65 cidades russas para exigir a libertação do opositor.
Estas manifestações, de acordo com as autoridades russas, são reuniões “ilegais”.
Depois de ter detido vários colaboradores de Navalny na quinta-feira, a polícia deu continuidade sexta-feira com a prisão da coordenadora da sede do opositor em Vladivostok (Extremo Oriente), Ekaterina Vedernikova, e uma colaboradora da sede de Novosibirsk (Sibéria), Elena Noskovets.
A equipa do opositor também relatou a prisão do coordenador de Tyumen, nos Urais, de outro colaborador em Kaliningrado e ainda de Sergei Boyko, da coligação de Novosibirsk, na Sibéria.
Lioubov Sobol, uma figura que está em ascensão no movimento, e a porta-voz de Navalny, Kira Iarmych, que foram detidas na quinta-feira, devem comparecer sexta-feira diante de juízes por terem convocado as manifestações classificadas como ilegais.
A advogada de Iarmych, Veronika Poliakova, disse à agência de notícias AFP que a sua cliente pode ser sentenciada a 10 dias de prisão.
Lioubov Sobol, por sua vez, incorre em pena de até 30 dias de prisão, mas pode receber, como nos casos anteriores, uma multa simples por ter um filho pequeno.
Entre os outros apoiantes de Navalny na mira da polícia estão Georgui Albourov, que participa nas investigações anticorrupção de Navalny, e Vladlen Los, advogado da sua organização, de nacionalidade bielorrussa, declarado ‘persona non grata’ na Rússia.
A chefe da equipa de Navalny em Krasnodar, no sul da Rússia, Anastassia Pantchenko, também foi presa na quinta-feira.
Diante da mobilização prevista para sábado, o Kremlin, o Ministério Público e o Ministério do Interior alertaram contra a participação nos protestos, sugerindo uma possível dispersão brutal dos manifestantes.
A polícia de Moscovo advertiu sexta-feira que qualquer manifestação ilegal “será reprimida”.
Todas as tentativas de organizar um evento público não autorizado e qualquer ação provocativa serão consideradas uma ameaça à ordem pública e serão reprimidas sem demora”, disse a polícia da capital russa, com referência “às ações ilegais (planeadas) para 23 de janeiro de 2021”.
O Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Meios de Comunicação russo (Roskomnadzor), ameaçou as redes sociais com multas se não retirassem os apelos às manifestações e, em particular, alertou as plataformas Tik Tok e Vkontakte, o equivalente russo do Facebook.
Alexei Navalny foi preso em 17 de janeiro ao voltar à Rússia, depois de cinco meses de convalescença na Alemanha devido a um envenenamento, acusado de violar as medidas de controlo judicial (por estar em condicional, relacionada a outro processo na justiça russa) ao sair do país. Vários instituições e países já apelaram à libertação imediata do opositor russo.