Os automóveis eléctricos alimentados por baterias já conseguem garantir autonomias interessantes, em alguns casos. Mas, apesar da evolução tecnológica, o maior problema que enfrentam é a lentidão do processo de carga. E, para piorar a situação, a maioria dos construtores de veículos admite que o excesso de cargas rápidas limita o tempo de vida útil das baterias, o que obriga à substituição, a prazo, da peça mais cara de um carro eléctrico.

As baterias recarregáveis armazenam energia graças a uma simples reacção química que gera um movimento de electrões, que se deslocam num sentido quando são recarregadas e no sentido inverso quando fornecem energia, por exemplo, ao motor. É claro que há baterias com químicas mais sofisticadas do que outras, capazes de lidar com maiores quantidades de energia, mas isso invariavelmente conduz a um incremento de temperatura cada vez que se recarrega. E quanto maior a potência utilizada, pior.

Há fabricantes de baterias que afirmam que os seus acumuladores podem recarregar com potências até 350 kW. Mas, a acontecer, essa potência apenas é utilizada durante um curto intervalo da recarga, o que limita o ganho conseguido na totalidade da operação. O curioso é que recarregar a 100 kW é muito mais rápido do que a 50 kW, mas se o salto para 200 kW ainda é relevante, já o avanço para 300 kW não representa um ganho significativo em tempo de carga. Pelo que é fundamental encontrar uma nova química, capaz de lidar com potências superiores, sem que isso implique gerar calor em excesso e colocar em causa a bateria e o veículo.

Baterias israelitas carregam em 5 minutos: 480 km!

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Aparentemente, os israelitas da StoreDot descobriram a solução para este, até aqui, incontornável problema, relacionado com a lentidão do processo de carga. De acordo com a empresa, bastam 5 minutos para recarregar os seus acumuladores, graças a uma tecnologia que querem utilizar rapidamente nos automóveis eléctricos. De acordo com a StoreDot, a tecnologia passa pela substituição da grafite, utilizada nas baterias como ânodo, o eléctrodo positivo, por nanopartículas semimetálicas.

Com esta pequena alteração tecnológica, os israelitas afirmam que acaba o aquecimento excessivo e, com ele, os problemas de segurança, perda de autonomia, redução de capacidade de carga e tendência para incendiar. As células com este novo tipo de ânodo já estão a ser produzidas pela EVE Energy, um fabricante chinês de células de baterias. Além disso, avançaram ainda que os testes já realizados confirmam que as novas baterias podem ser recarregadas em apenas 5 minutos. Isto sem revelar qual a capacidade da bateria, ou os limites da carga, mas a abrir o caminho para uma nova geração de baterias de iões de lítio, com ânodos em que o silício é o elemento dominante.

Há muito que se anunciam soluções tecnológicas para melhorar as baterias, que depois, por um motivo ou outro, nunca chegam a ver a luz do dia. Mas de acordo com o CEO da StoreDot, Doron Myersdorf, estas já ultrapassaram a fase de protótipos e estão já a ser produzidas como células definitivas, capazes de serem entregues a qualquer fabricante de automóveis, a fim de serem testadas em condições de utilização.

A própria StoreDot já demonstrou o seu funcionamento, instalando as novas baterias num pequeno veículo eléctrico de duas rodas e recarregando-as em 5 minutos. Resta saber se fará o mesmo perante um acumulador com 100 kWh de capacidade. Mas a empresa está confiante e diz que isso irá acontecer em 2025, chamando ainda a atenção para o facto de o silício ser mais barato do que grafite. Não falta quem acredite no potencial tecnológico da StoreDot, a começar pelo gigante BP, que investiu 20 milhões na empresa israelita em 2018.