A cidade da Beira acordou este sábado com sinais de destruição em todas as ruas e vários bairros alagados, com os residentes a circularem com a água pela cintura nalguns pontos, testemunhou a Lusa, após a passagem do ciclone Eloise.

Aguarda-se por informação das autoridades sobre o levantamento em curso dos prejuízos causados, mas a tarefa enfrenta cortes de eletricidade e telecomunicações em vários locais.

Depois de ter sido atingida pelo ciclone Idai, em 2019 – um dos mais devastadores desde que há registo no hemisfério sul, provocando 603 mortos em Moçambique -, a cidade costeira da Beira, no centro do país, volta este ano a estar no caminho de intempéries.

A tempestade Chalane abateu-se sobre a região no final de 2020, provocando sete mortes, e esta madrugada foi a vez do ciclone Eloise.

As valas de drenagem instaladas ao longo da cidade devido às frequentes inundações na cidade, edificada abaixo do nível das águas do mar, estão a transbordar.

A chuva continua a cair, mais fraca, e o vento amainou, depois de relatos de pânico nas redes sociais com as rajadas e intensa precipitação que acompanharam a passagem do centro do ciclone durante a madrugada.

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Há destroços de diversos materiais pelas ruas, por causa dos telhados que foram arrancados, postes que caíram e estruturas de maior dimensão, que tombaram, como suportes publicitários, mas algumas pessoas e viaturas circulavam pela manhã na zona da Munhava e centro da cidade.

Depois de entrar em terra junto à cidade de Beira, oriundo do Canal de Moçambique, no oceano Índico, o ciclone Chalane perdeu intensidade, mas arrasta precipitação muito intensa, avançando em direção ao sul do Zimbábue.

Prevê-se que a depressão condicione o estado do tempo durante o fim de semana, provocando forte precipitação no sul do país lusófono, incluindo a capital, Maputo.

Moçambique está em plena época chuvosa e ciclónica, que ocorre entre os meses de outubro e abril, com ventos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois dos maiores ciclones (Idai e Kenneth) que já se abateram sobre o país em poucas semanas desde que há registos meteorológicos.