O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, alertou para a necessidade de ser criada legislação que clarifique as competências da região no combate a uma pandemia.

“É importante a aprovação de uma lei no quadro de emergência sanitária que clarifique as competências das autoridades de saúde regionais na prevenção e resposta às situações de pandemia”, avançou o chefe do executivo açoriano, citado numa nota do Gabinete de Apoio à Comunicação Social, divulgada este sábado.

José Manuel Bolieiro participou na sexta-feira, por videoconferência, no sexto Curso Intensivo de Segurança e Defesa, promovido pelo Governo Regional e pelo Instituto de Defesa Nacional.

O anterior executivo açoriano, do PS, implementou a obrigatoriedade de realização de quarentenas de 14 dias em unidades hoteleiras à chegada aos Açores, para combater a pandemia de covid-19, mas o Tribunal Constitucional considerou que a medida violava a Constituição.

Para o atual presidente do Governo Regional, da coligação PSD-CDS-PPM, o distanciamento geográfico dos centros e a dimensão arquipelágica dos Açores “exigem uma proteção e uma segurança que vão muito para além das meras funções mais elementares da presença dos serviços de Estado em exercício de soberania”.

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“As nossas fragilidades vêm sempre ao de cima com as condições climatéricas, ainda por cima com os fenómenos extremos resultantes das alterações climáticas, e agora também com a chegada desta horrível pandemia, sendo que as ameaças são efetivamente novas e crescentes”, frisou.

José Manuel Bolieiro reforçou que “há consensos alargados sobre a necessidade de aprofundar e concluir o processo de reforma da autonomia política”, sublinhando que há matérias de interesse partilhado entre o Estado e a região, como “o mar, o espaço, a segurança, a justiça e a defesa”.

“No futuro percurso da autonomia política dos Açores têm de estar incluídas, entre outras, uma revisão constitucional, uma adequada repartição de competências entre o Estado e as regiões autónomas quanto ao domínio público marítimo, a alteração da lei que estabelece o regime do estado de sítio e de estado de emergência, atribuindo à Região competência para a sua execução no território regional”, afirmou.

O presidente do Governo Regional considerou que “é tempo de inaugurar uma nova cultura de autonomia, mais adequada aos novos desafios”, referindo-se a “uma autonomia de responsabilização”.

“Esta autonomia de responsabilização é uma relação de concertação, desde logo entre os dois órgãos de governo próprio na região, bem como com a República e com a União Europeia, em defesa dos interesses mútuos de desenvolvimento integral das populações e territórios”, frisou.

José Manuel Bolieiro defendeu, por outro lado, que os Açores têm de construir uma “relação ainda mais forte com a União Europeia, com os Estados Unidos da América e com a comunidade internacional”, alegando que o arquipélago e o país têm interesse nessa comunhão.