Um navio chinês suspeito de transportar mais de 80 contentores de madeira contrabandeada de Moçambique deixou ilegalmente o porto de Pemba, norte do país, decorrendo diligências para a sua apreensão, disse fonte judicial.

O procurador chefe da província de Cabo Delgado, Octávio Zilo, disse aos jornalistas que um cidadão chinês está detido na capital provincial por suspeitas de envolvimento no caso.

Zilo avançou que a embarcação navega em águas internacionais e a madeira em causa, de várias espécies, não está processada, o que viola a legislação moçambicana, e estava no porto depois de ter sido apreendida há cinco meses.

Funcionários alfandegários, fiscais florestais e despachantes aduaneiros moçambicanos podem ter facilitado a saída ilegal da embarcação, estando em curso uma investigação para apurar o seu grau de envolvimento no caso, acrescentou.

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Octávio Zilo assinalou que há indícios da prática de crimes de corrupção, falsificação de documentos e desobediência.

O procurador-chefe de Cabo Delgado afirmou que se suspeita que a madeira transportada pelo navio que zarpou de Pemba faça parte de um lote de 2.000 metros cúbicos apreendido em agosto quando ia ser ilegalmente exportada para China.

Na altura, a operação ilegal foi abortada na sequência de uma denúncia anónima e nove pessoas, incluindo três funcionários das alfândegas e dois membros das Forças de Defesa e Segurança (FDS), foram detidas.

O produto apreendido estava à guarda da empresa Ming Zou, como fiel depositário, por decisão judicial, sendo que a firma tem ligações com o cidadão chinês detido.

Diversos estudos nacionais e internacionais têm alertado para a devastação da floresta moçambicana, devido à exploração desenfreada de madeira destinada a exportação, maioritariamente para a China.