O Governo português atribuiu esta quinta-feira os “impasses” na implementação das redes móveis de quinta geração (5G) na União Europeia (UE) à pandemia de Covid-19, mas garantiu “acompanhar de perto” os avanços e a cibersegurança ao nível comunitário.

“Infelizmente, a pandemia provocou atrasos na implementação do 5G em vários países da UE e, por isso, a Comissão Europeia ficou de apresentar uma revisão do plano de ação. Vamos acompanhar todos os desenvolvimentos”, afirmou o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, intervindo por videoconferência na comissão de Indústria, Investigação e Energia do Parlamento Europeu sobre as prioridades da presidência portuguesa da UE.

O ministro disse esperar que, com essa atualização do plano de ação para o 5G apresentado em 2016, seja possível “ter resposta a algumas das dificuldades que surgiram com a pandemia e criaram impasses no 5G”, isto após ter sido falhada a meta comunitária de ter esta tecnologia em pelo menos uma cidade por Estado-membro até final de 2020.

Pedro Nuno Santos não mencionou o caso de Portugal, que a par com Chipre, Lituânia e Malta faz parte do grupo de países da UE onde ainda não existe implementação de 5G, segundo um relatório apresentado em meados deste mês pelo observatório europeu que acompanha esta tecnologia.

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De acordo com o Observatório Europeu para o 5G criado pela Comissão Europeia, em dezembro passado esta tecnologia estava já presente nos restantes 23 Estados-membros da UE, mais o Reino Unido.

Pedro Nuno Santos destacou que o 5G é “de grande importância estratégica para a Europa uma vez que será a base de conectividade para a transformação digital da economia em setores estratégicos como os transportes, a energia, a manufatura, a saúde e a comunicação social”.

“Enquanto presidência, acompanharemos de perto os desenvolvimentos relativos à implantação e à segurança das redes 5G”, assegurou.

Classificando o 5G como uma “tecnologia central para o futuro da UE” e para a Europa “conseguir preservar a liderança na área digital”, o ministro frisou que “as questões de segurança são críticas e fundamentais”.

“Para nós, para a presidência portuguesa, aquilo que é fundamental é garantir a segurança no acesso às 5G, independentemente da origem que esteja em causa”, vincou Pedro Nuno Santos, quando questionado sobre eventuais riscos com fornecedores e fabricantes chineses, nomeadamente a Huawei, acusada várias vezes de espionagem, mas sem nunca ter havido provas.

“A questão é garantir a segurança e as condições que nos dão essa segurança no acesso ao 5G, seja de que parte do mundo for”, insistiu.

Outro dos objetivos da presidência portuguesa é avançar na Estratégia da UE para a Cibersegurança para a próxima Década Digital, apresentada em meados de dezembro passado.

Por essa razão, “a presidência portuguesa apresentará as conclusões do Conselho sobre esta estratégia, que serão levadas ao Conselho de Assuntos Gerais em março”, anunciou Pedro Nuno Santos.