Descargas de água da Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB), no centro de Moçambique, estão a colocar distritos da região do baixo do rio Zambeze em risco de inundações, alertou esta sexta-feira a Administração Regional de Águas (ARA).

O diretor da ARA-Centro, Custódio Vicente, pediu, em declarações à emissora pública Rádio Moçambique (RM), à população dos distritos do baixo Zambeze para se “retirar imediatamente” das áreas sob risco de inundações, devido às descargas de água da HCB.

Custódio Vicente explicou que a barragem está a libertar, desde quarta-feira, 3.650 metros cúbicos de água por segundo, para evitar danos na infraestrutura.

A operação é forçada pela receção de um elevado volume de água dos países a montante do rio Zambeze, que ultrapassa quatro mil metros cúbicos por segundo.

Devido à enchente, a barragem deve libertar a água que está em excesso, para evitar danos na hidroelétrica.

Entre sábado e domingo últimos, a região centro de Moçambique foi atingida pelo ciclone Eloise, que provocou 11 mortos, de acordo com o Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD) no mais recente balanço.

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Segundo o último balanço das autoridades, sete pessoas morreram na província de Sofala, três em Manica e uma na Zambézia, além de outras 15 que ficaram feridas.

O ciclone afetou ainda um total de 51.102 famílias, o correspondente a 267.289 pessoas, das quais 20.167 estão deslocadas.

Os dados do INGD revelam ainda que um total de 6.297 casas precárias foram totalmente devastadas, outras 11.254 foram parcialmente destruídas, havendo também 86 unidades hospitalares afetadas.

O ciclone Eloise atingiu o centro de Moçambique no sábado, depois de a tempestade Chalane ter provocado sete mortos, na mesma zona, no final de 2020.

O país está em plena época chuvosa e ciclónica, que ocorre entre os meses de outubro e abril, com ventos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográficas da África Austral.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois dos maiores ciclones (Idai e Kenneth) que já se abateram sobre o país em tão poucas semanas.