Rob Malley, antigo conselheiro presidencial de Barack Obama, foi nomeado pela nova Administração Biden para o cargo de enviado especial para o Irão, tendo como missão relançar os esforços diplomáticos para desnuclearização do regime iraniano.

O novo secretário de Estado, Anthony Blinken, nomeou esta sexta-feira formalmente Rob Malley para o cargo de enviado para o Irão, adiantando que o até agora diretor do centro de investigação International Crisis Group irá liderar uma equipa de “peritos de visão clara e com uma diversidade de perspetivas”.

Mais tarde, o conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, Jake Sullivan, disse que em relação ao Irão as prioridades atuais são voltar a impor limites ao programa nuclear iraniano e que a nova Administração norte-americana irá procurar soluções negociadas.

Acreditamos que, se conseguirmos voltar a uma diplomacia que ponha o programa nuclear iraniano dentro de limites, então poderemos criar uma plataforma sob a qual construir um esforço global”, disse Sullivan, num evento promovido pelo U.S. Institute of Peace.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Irão diz que só a expulsão dos EUA da região vingará morte de Qasam Soleimani

Depois de lidar com “uma crise nuclear em escalada em que o Irão se aproxima cada vez mais de ter material físsil suficiente para uma arma”, a diplomacia norte-americana irá “lidar com outros comportamentos malignos do Irão na região”, adiantou.

O ex-presidente Donald Trump retirou em 2018 os Estados Unidos do acordo nuclear anteriormente negociado pela Administração Obama, alegando incumprimento da parte iraniana, e voltou a impor sanções ao país. A decisão foi veementemente condenada pelo regime iraniano, que até agora não deu sinais claros da sua disponibilidade para negociar.

O novo enviado norte-americano, Rob Malley, é rejeitado pela comunidade norte-americana de peritos em assuntos iranianos defensora de soluções musculadas, que o consideram demasiado crítico em relação a Israel e temem que possam ser feitas demasiadas concessões para o regresso do Irão ao acordo nuclear, assim comprometendo a segurança dos aliados norte-americanos na região.

EUA anuncia nova vaga de sanções contra o Irão a cinco dias da saída de Trump

Malley tem uma longa experiência em assuntos do Médio Oriente, em que começou a envolver-se ainda durante a Administração Clinton, tendo participado diretamente nas negociações de 2014-15 sobre o Irão e nos Acordos de Camp David, em 2000, entre Israel e os Palestinianos.

Esta semana, Antony Blinken disse que os Estados Unidos só regressarão ao acordo nuclear com o Irão se este voltar aos compromissos que abandonou, o que “vai levar algum tempo”, nomeadamente para avaliar o grau de cumprimento.

Por seu lado, Teerão exige que Washington dê o primeiro passo e levante as sanções antes de qualquer outra coisa, o que deixa adivinhar negociações árduas.

Rússia, China, Irão (e não só). O que fará Joe Biden com o novo “Eixo do Mal”?