Pedro Santana Lopes considerou que as eleições autárquicas, que decorrerão em setembro ou outubro deste ano, devem ser adiadas e que isso deve ser tratado “com tempo”. Apontando que adiar as autárquicas “não é inconstitucional”, o ex-presidente das câmaras de Lisboa e Figueira da Foz defendeu que as previsões para os próximos meses impossibilitam que a campanha seja feita com normalmente.

“Uma coisa é a campanha para as presidenciais, que foi muito sui generis, mas tiveram a imprensa atrás e debates, mas nas autárquicas não é assim”, disse, em entrevista ao Diário de Notícias (artigo para assinantes). “Nas autárquicas por muito que sejam conhecidos os candidatos têm de ir correr as capelinhas todas, têm de ir a todas as freguesias, aos cafés, às coletividades, e isso é impossível nas circunstâncias atuais e que são previsíveis para os próximos meses.”

“O país tem de saber decidir essas coisas com tempo”, defendeu. “A duração dos mandatos autárquicos está estipulada por legislação ordinária, e pode ser encontrada justificação nacional para o adiamento de seis meses. Era muito sensato dentro do que se prevê do tempo de vacinação e criação de imunidade para o regresso à normalidade, e todos os especialistas dizem que até ao verão ou até ao final do ano isso será impossível.”

Lembrando que, no seu discurso de vitória, Marcelo Rebelo de Sousa “disse que temos de aproveitar as lições para as eleições”, Santana Lopes defendeu que “há um trabalho enorme a fazer e o parlamento tem obrigação de o fazer imediatamente” e que, “nestas circunstâncias”, “nunca seria candidato”. Já um adiamento das autárquicas poderá levar a uma nova candidatura a uma câmara municipal, “não porque precise”, mas porque gosta. “Fui presidente de câmara e vereador em Lisboa por gosto. É o trabalho na vida política de que mais gostei dos vários cargos que já desempenhei. É fantástico o trabalho autárquico! Por essa razão admito que isso volte a acontecer, ser candidato a uma câmara, se houver juízo!”

Aos 64 anos, o ex-autarca diz-se “muito calmo e sereno” e que, para se candidatar, terá de ser convidado. “Quero deixar claro que estou muito bem como estou e já não tenho 30 nem 40 anos e estou muito calmo e sereno. E não fui nem vou pedir a ninguém para ser candidato seja onde for. Se houver essa hipótese é porque têm de me convidar.”

Sobre a situação atual, Santana Lopes é da opinião que este é “um tempo tão grave” que deveria “existir um governo de emergência nacional, respeitando os resultados das eleições legislativas”. “Ouvi o primeiro-ministro a reconhecer que a situação não é má, é péssima. É preciso uma grande mobilização nacional”, afirmou.

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