O PSD considera que a demissão da diretora do Centro Distrital de Setúbal do Instituto da Segurança Social, que faz parte de um conjunto de mais de 100 pessoas que alegadamente receberam a vacina contra a Covid-19 de forma indevida, “peca por tardia” e exige que a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social se pronuncie sobre o caso.

Os sociais-democratas já tinham pedido a demissão de Natividade Coelho, depois de ter sido noticiado que 126 funcionários da Segurança Social de Setúbal, incluindo a diretora, receberam a vacina da Pfizer/BioNTech contra a Covid-19 de forma indevida. Estes funcionários terão sido integrados numa lista exclusiva para utentes e trabalhadores de lares.

Ao Observador, o deputado Nuno Carvalho defende que a demissão da diretora da Segurança Social de Setúbal devia ter sido “imediata”. “Não se percebe porque não o foi, perante um erro tão grande como este”, reforça. O social-democrata afirma ainda que a demissão de Natividade Coelho só por si não é solução e chuta responsabilidades para o Governo.

Diretora da Segurança Social de Setúbal demite-se, após polémica com vacinação indevida

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As demissões de diretores não resolvem os problemas. O Governo não se pode habituar a ter diretores a serem demitidos e a considerar que isso resolve o problema. Particularmente neste caso, porque a demissão da diretora não vacina pessoas; o que vacina pessoas é fazer com que se cumpra o plano“, afirma o deputado social-democrata, numa alusão à recente demissão da diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Nuno Carvalho sublinha que importa agora perceber a “dimensão do erro a corrigir”. O parlamentar fala num “desvio de vacinas em massa”: “As vacinas são para salvar vidas. Isto significa que estamos a perder vidas em massa”.

Ouça aqui na íntegra as declarações do deputado do PSD Nuno Carvalho ao Observador:

PSD: “Demissão da diretora da Segurança Social de Setúbal peca por tardia”

O PSD já tinha endereçado um requerimento à ministra do Trabalho e uma pergunta à ministra da Saúde. “Queremos perceber quantas pessoas receberam a vacina indevidamente e quando é que as pessoas que deveriam ter recebido a vacina a recebem”, explica Nuno Carvalho ao Observador.

Após o caso ter sido tornado público pela SIC Notícias, o ministério de Ana Mendes Godinho anunciou a abertura de um inquérito interno urgente ao Instituto de Segurança Social. Para o deputado Nuno Carvalho, este inquérito não é suficiente. O social-democrata quer que Ana Mendes Godinho venha a público falar sobre o caso: “O silêncio tem de ser quebrado”.

“O pior nisto tudo é a ministra ter um silêncio sobre aquilo que lhe compete, porque ela ainda é ministra — mesmo depois da demissão. E a ministra tem de garantir que as pessoas recebem a vacina a tempo e horas, especialmente quando essa competência está dependente do seu ministério. A ministra tem que aparecer para garantir que irá corrigir esse erro e que isto não voltará a acontecer”, afirma Nuno Carvalho.

Funcionários da Segurança Social de Setúbal vacinados após entrarem em lista que devia ser exclusiva para idosos e trabalhadores de lares

A lista de 126 funcionários da Segurança Social foi redigida pela própria instituição e inclui outros diretores de unidades e diretores de núcleos da Segurança Social. O Instituto de Segurança Social informa ainda que o pedido de demissão de Natividade Coelho foi “aceite pelo Conselho Diretivo”.

Contactado pelo Observador, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social não comentou a demissão da diretora do Centro Distrital de Setúbal do Instituto da Segurança Social e remeteu para o comunicado do Instituto de Segurança Social no qual é anunciada a demissão de Natividade Coelho.