Uma organização sem fins lucrativos criada por jornalistas do Reino Unido acusou o Facebook de lucrar com a disseminação de desinformação sobre a pandemia e as vacinas contra a Covid-19.
O Bureau of Investigative Journalism aponta que o Facebook tem vindo a permitir que os seus utilizadores beneficiem de ferramentas para angariação de dinheiro, em páginas com conteúdo sinalizado pelos fact-checkers do gigante das redes sociais, por conterem informações falsas ou parcialmente falsas sobre a pandemia.
Na investigação publicada no domingo no site da organização, a equipa de jornalistas revela que foram encontradas 430 páginas — seguidas por 45 milhões de utilizadores — que utilizam estas ferramentas, nas quais se incluem lojas online e assinatura de subscrições, para divulgar “teorias falsas potencialmente perigosas”.
Mais de 260 páginas que a organização identificou publicaram informações incorretas sobre a vacinação e as restantes difundiram informações falsas sobre a pandemia, de forma mais ampla.
Embora o Facebook não lucre diretamente com essa receita, a organização ressalva que a rede social tira partido da interação dos seus utilizadores com esse tipo de conteúdo, uma vez que estes estão expostos a anúncios publicitários ao utilizarem os seus serviços.
No final do ano passado, o Facebook tinha assumido o compromisso de apertar as suas políticas internas sobre desinformação relativamente à pandemia, defendendo que nenhum utilizador ou empresa deveria lucrar com a propagação de informações falsas.
Mas as mais recentes descobertas do Bureau of Investigative Journalism sugerem que a empresa liderada por Mark Zuckerberg não implementou medidas mais restritivas e falhou no seu compromisso.
Em declarações ao The Guardian, um porta-voz da rede social disse que a empresa estava a investigar o caso e que já tinha “removido um pequeno número de páginas” por violarem as normas sobre desinformação, contestando, contudo, que muitos dos exemplos identificados pelo Bureau of Investigative Journalism não apresentavam violações claras das regras do Facebook.
