Portugal e Cabo Verde consideraram segunda-feira ser fundamental investir continuamente no reforço e manutenção das capacidades navais para apostar na segurança marítima e combater as ameaças no atlântico.

Esta posição foi manifestada pelo embaixador de Portugal em Cabo Verde, António Moniz, e pelo Diretor Nacional da Defesa de Cabo Verde, Armindo Miranda, durante uma apresentação, na cidade da Praia, da missão do navio hidrográfico da República Portuguesa “Almirante Gago Coutinho”, que se encontra no país africano no âmbito da iniciativa Mar Aberto.

“A prontidão das Forças Armadas exige treino e formações constantes, pois apenas assim se consegue alcançar níveis de proficiência capazes de constituírem resposta à multiplicidade de ameaças que os Estados enfrentam. Deste leque de ameaças, destaco os ilícitos marítimos e daí a imperiosa necessidade de os Estados costeiros, como Cabo Verde e Portugal, apostarem na segurança marítima“, disse o embaixador de Portugal na cidade da Praia.

Segundo o diplomata, a segurança marítima significa a necessidade de “investir continuamente” no reforço e manutenção das capacidades navais.

A cooperação militar entre Portugal e Cabo Verde tem dedicado especial atenção a essa área da segurança, com a realização periódica de missões navais e aéreas portuguesas em território cabo-verdiano ao abrigo dos vários instrumentos políticos em vigor”, prosseguiu.

Depois da ilha de São Vicente, onde aportou em 13 de janeiro, o navio hidrográfico “Almirante Gago Coutinho” encontra-se atracado no Porto da Praia, na ilha de Santiago.

A iniciativa Mar Aberto visa contribuir para o esforço integrado de obtenção de conhecimento situacional marítimo, desenvolvimento científico e segurança cooperativa da comunidade internacional na região central do Oceano Atlântico.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Realizada no âmbito da cooperação bilateral com Cabo Verde, a ação pretende ainda a satisfação dos compromissos internacionais assumidos por Portugal com toda a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

No âmbito da iniciativa Mar Aberto, têm aportado em Cabo Verde navios da marinha portuguesa, que desenvolvem um conjunto de ações de fiscalização marítima conjunta e atividades reforço e formação na área da cooperação no domínio da Defesa.

Além do “Almirante Gago Coutinho”, vários outros navios já aportaram em Cabo Verde no âmbito da Iniciativa Mar Aberto, nomeadamente o “Vasco da Gama” (2019), o “Viana do Castelo” (2017 e 2019) e o “D. Carlos I” (2018).

Estas missões constituem um contributo indispensável para a segurança marítima, pois sem conhecer os mares e os seus fundos não se pode navegar em segurança e a vertente científica é também ela de uma importância extraordinária”, disse ainda o embaixador.

No caso do “Almirante Gago Coutinho”, conta com uma guarnição de 47 militares, mais um oficial hidrográfico da Guarda Costeira de Cabo Verde, que passaram três dias no Mindelo, 16 dias no mar e vão passar dois dias na cidade da Praia.

O Diretor Nacional da Defesa de Cabo Verde, coronel Armindo Sá Nogueira Miranda, disse também que a segurança marítima é uma área que o país tem estado a ver “com mais acuidade”, tendo em conta as ameaças que existem no atlântico.

“O nosso ministério tem estado a trabalhar com as autoridades portuguesas para que continuemos com esta iniciativa por forma a tornamos o corredor do atlântico cada vez mais seguro”, perspetivou o militar cabo-verdiano.

Além do trabalho científico de levantamentos hidrográficos, os militares portugueses realizam ainda formação e treino em limitação de avarias, embarcações miúdas, equipas de abordagem, emergência médica, mergulho e hidrografia.

O Instituto Hidrográfico da Marinha Portuguesa é a entidade responsável pela cartografia náutica do arquipélago de Cabo Verde e no final do ano passado publicou uma nova carta náutica, mas que segundo o comandante do navio, capitão-de-fragata Francisco de Almeida, ainda se vê pouca informação.

Agora estamos no trabalho de adensamento. Aqui perto da ilha de Santiago as zonas muito perto de costa nunca foram sondadas, não há registo. Há aqui muito trabalho para muito mais missões destas”, afirmou.