Depois de vários resultados que foram deixando alertas para o rendimento da Juventus, a derrota com o Inter que deixou a equipa a dez pontos do AC Milan e a nove do Inter na Serie A fez disparar a sério os alarmes em Turim. E, tanto ou mais do que o desaire por 2-0, aquilo que gerou mais preocupação foi mesmo a “limpeza” do resultado, com o conjunto de Milão a controlar todos os momentos do jogo, a golear em termos táticos e em alguns momentos a “vulgarizar” o quase campeão honorário de Itália. Quatro vitórias depois e sem sofrer golos, Andrea Pirlo voltava ao Giuseppe Meazza para voltar a defrontar o antigo treinador Antonio Conte e fez um total de oito alterações na equipa, mantendo apenas a dupla do corredor central Rabiot e Betancur além de Ronaldo. E funcionou.

No dia do reencontro com Adrien, Cristiano Ronaldo não marcou mas a Juventus ganhou — principalmente porque defendeu bem

“A Juventus continua a poder ganhar tudo todos os anos porque quando tens Cristiano Ronaldo começas sempre a ganhar 1-0. Têm uma equipa fantástica”, dizia esta terça-feira Christian Vieri, antigo avançado internacional que passou pelos clubes. Não foi literalmente assim mas a ideia estava lá. Neste caso, por defeito: em desvantagem e ainda na primeira parte, o português fez a reviravolta em menos de dez minutos, alterando a história da primeira mão das meias-finais da Taça de Itália quando alguns já colocavam em causa o início de ano do português e Pirlo ia mostrando a sua tranquilidade em como os golos do avançado português iriam surgir de forma natural. Com recorde: ninguém conseguiu mais bis até ao momento entre os jogadores das principais ligas europeias (oito). E outra curiosidade: em Espanha, para jornais (Marca) e Real, Ronaldo tornou-se agora o melhor marcador de sempre na história, superando Josef Bican que, nesta contabilidade, somava 762 golos.

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“Estamos a começar a encontrar a forma. Demorou mas vamos continuar a melhorar. Ronaldo? Contribuiu com os passes nos lances dos dois golos, o importante é que a equipa vença. É sempre importante mesmo quando não marca. É normal que depois de tantos jogos esteja um pouco cansado como o resto da equipa. Estamos a jogar muitos encontros desde o início da época, a cada três dias, por isso é normal que a certo ponto dos jogos tenha necessidade de recuperar um pouco o fôlego”, destacou o técnico após a vitória por 2-0 frente à Sampdória que teve o capitão da Seleção nos dois golos mas sem marcar, tendo antes deste jogo no Guiseppe Meazza quatro golos em oito jogos no ano de 2021 após uma média de um golo a cada 74 minutos em dezembro.

O encontro começou com uma Juventus diferente, com outra capacidade no jogo em posse e (aparentemente) com uma menor exposição às transições do Inter mas bastou um erro para os nerazzurri se colocarem em vantagem no jogo, com Alexis Sánchez a segurar bem a bola no centro, a abrir na direita em Barella e o cruzamento ao primeiro poste a encontrar Lautaro Martínez que contou ainda com a intervenção infeliz de Buffon, a fazer o seu 1.100.º jogo oficial entre clubes e seleção e a não conseguir evitar o golo inaugural do argentino (9′). Tudo se preparava para voltar o filme do encontro para a Serie A, com os visitados a chamarem mais os bianconeri para explorarem a profundidade mas o contexto mudou a meio do primeiro tempo, com Ashley Young a derrubar Cuadrado na área para análise de VAR e Cristiano Ronaldo a marcar o penálti ao meio da baliza para fazer o empate (26′).

Sem Lukaku, o Inter apostava na mobilidade dos sul-americanos na frente em combinações rápidas para tentarem entrar num eixo recuado mais novo com Demiral e De Ligt mas queria também fazer a diferença de bola parada, com Skriniar a desviar pouco ao lado do poste um livre lateral, mas o central eslovaco veria um possível golo marcado num golo sofrido: após um passe longo a explorar a profundidade, Bastoni controlou mal sozinho num desentendimento com Handanovic, Ronaldo foi mais rápido (e inteligente na capacidade de antecipação do que se poderia passar), ficou com a bola e desviou de pé esquerdo ainda longe da baliza e descaído na esquerda para a reviravolta em menos de dez minutos (35′), resultado com que se chegaria ao intervalo com uma entrada mais dura de Arturo Vidal que deixou o português em protestos e o chileno “picado” com o número 7 da Juventus.

No segundo tempo, e sem mexer numa fase inicial na equipa em campo, Antonio Conte conseguiu que os visitados subissem as linhas e condicionassem mais as saídas da Juventus mas as únicas grandes (flagrantes) chances até ao último quarto de hora nasceram por Alexis Sánchez, que aproveitou uma má saída para rematar para a baliza sem Buffon mas encontrando as pernas de Demiral a desviar para canto (57′), e Darmian, aparecendo na área para receber sozinho descaído sobre o lado direito para uma enorme defesa de Buffon, que corrigiu o erro cometido na primeira parte e mostrou que ainda está aí para as curvas aos 43 anos (68′). O Inter carregava, Pirlo tirou Ronaldo para refrescar o ataque com o Morata perante a renitência do português pela opção mas o resultado não voltaria a mexer, dando à Juventus uma vantagem na segunda mão na próxima terça-feira.