Donald Trump defende-se do impeachment que tem sobre si — e que, se confirmado, o impedirá de voltar a concorrer à presidência dos EUA — alegando, através dos seus advogados, que as palavras que proferiu antes da invasão do Capitólio não visavam atos violentos e estão protegidas pela Primeira Emenda (que garante a liberdade de expressão), de acordo com o Washington Post e o New York Times. Além disso, Trump acredita que o Senado não está autorizado pela Constituição americana a julgar um antigo presidente.

Naquele dia 6 de janeiro, quando a Câmara dos Representantes se preparava para validar os votos do colégio eleitoral, Donald Trump disse aos seus apoiantes que se não lutassem a sério, deixariam de ter um país (“if you don’t fight like hell, you’re not going to have a country anymore”), o que tem sido visto como um apelo à violência que se seguiu no Capitólio e que provocou cinco mortes, incluindo um polícia.

Naquela que é a primeira resposta formal de Trump à acusação de incitamento à insurreição, Bruce L. Castor Jr. and David Schoen, os advogados do ex-presidente, recusaram que tenha havido qualquer tentativa de interferência no processo de formalização da vitória de Biden, que decorria no Congresso.

Acusação aprovada. Trump é o primeiro Presidente dos EUA a sofrer um impeachment duas vezes, com os votos de 10 republicanos

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O New York Times nota que o documento de 14 páginas apresentado pelos advogados não faz referência às acusações de Trump sobre como as eleições teriam sido supostamente fraudulentas e “roubadas” — uma acusação que nunca foi sustentada em provas —, mas os advogados lembram que o então presidente acreditava que tinha vencido as eleições e que, portanto, estava no seu direito de “expressar sua crença de que os resultados das eleições eram suspeitos”.

São respostas de Trump ao caso apresentado apenas duas horas antes pelos congressistas democratas que conduzem a este processo de impeachment. Num documento de 80 páginas, os congressistas, liderados por Jamie Raskin, do estado de Maryland, acusam o antigo presidente de ser diretamente responsável pela invasão ao Capitólio e de ter atacado a democracia. “O presidente Trump demonstrou, sem sombra de dúvida, que recorrerá a qualquer método para manter ou reafirmar o controlo do poder”, lê-se no documento. Os congressistas entendem que Trump é responsável por “uma traição de proporções históricas”.

A impugnação arrancou cerca de uma semana depois da invasão ao Capitólio, com 232 votos a favor e 197 votos contra na Câmara dos Representantes. Agora, o processo avança formalmente no Senado, que na segunda semana de fevereiro vai julgar politicamente Donald Trump — o primeiro presidente dos EUA a sofrer por duas vezes uma acusação de impeachment.