Foi na madrugada desta segunda-feira (noite de domingo em Portugal) que as forças armadas do Myanmar prenderam a líder do governo, Aung San Suu Ky, o Presidente do país, Win Myint e ainda vários membros da Liga Nacional pela Democracia, que vencera as eleições em novembro.

A partir desta segunda-feira, o país passou a ter um forte dispositivo militar nas ruas (principalmente na capital), que passaram a ficar desertas. O exército assumiu o controlo do país, declarou o estado de emergência e prometeu eleições para 2022

Os militares justificam a atitude com a suposta fraude que ocorreu nas últimas eleições, em novembro de 2020, em que o partido de Aung San Suu Ky venceu com cerca de 62%. O exército evoca ainda os poderes que lhes são atribuídos pela Constituição, redigida pelo Exército, permitindo-lhes assumir o controlo do país em caso de emergência nacional.

Explicador. Cinco respostas para compreender o golpe de Estado em Myanmar

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A comunidade internacional já veio reprovar o ato e o Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunir-se de urgência esta terça-feira para debater o assunto. Mas não foram as únicas implicações. Também houve protestos no Myanmar em frente às embaixadas da Tailândia (que veio rejeitar qualquer intervenção militar no país, afirmando que o problema do Myanmar é “foro interno”) e do Nepal, que contestaram o golpe de estado. Em Banguecoque, chegou mesmo a haver confrontos entre a polícia e os manifestantes.

Pelo meio, ainda um registo insólito. Momentos antes do golpe, quando o exército do Myanmar se preparava para assumir o poder, uma professora de educação física, Khing Hnin Wai, estava a gravar uma aula de aeróbica em direto e conseguiu captar algumas movimentações das forças armadas, que depois se dirigiram para o parlamento. O momento ficou registado em vídeo, que foi partilhado nas redes sociais de Wai. 

O Myanmar está agora sob controlo dos militares, que dentro do ano vão realizar eleições, com o objetivo de estabelecer “uma verdadeira democracia multipartidária”.