A vacina do laboratório AstraZeneca não será por enquanto administrada a maiores de 55 anos na Bélgica, anunciou o ministro da Saúde Pública belga, Frank Vandenbroucke, aos canais de televisão e rádio belgas RTBF e VRT. A decisão foi adotada após parecer provisório do Conselho Superior de Saúde (CSS) belga emitido na noite de terça-feira, que indicou que a vacina funciona bem para pessoas entre os 18 e 55 anos, mas que não existem dados suficientes disponíveis para os idosos.

A Bélgica segue assim as posições já assumidas por outros países europeus, nomeadamente Suécia, Alemanha, Áustria, França, Polónia, Países Baixos e Itália, que, na ausência de estudos significativos sobre o efeito da vacina da britânica AstraZeneca em cidadãos acima dos 65 anos, decidiram limitar o seu uso nesta faixa etária. Entretanto, esta quinta-feira a Noruega e a Dinamarca anunciaram a mesma posição. Ao todo, já são 10 os países do continente a fazer esta ressalva.

Em Portugal, o Infarmed ainda não se manifestou sobre o assunto, mas deverá fazê-lo até ao próximo dia 9 de fevereiro, dia em que a vacina, desenvolvida pela farmacêutica britânica em colaboração com a Universidade de Oxford, vai chegar ao país.

O Conselho Superior de Saúde diz muito claramente que a vacina AstraZeneca é uma vacina muito boa para pessoas entre 18 e 55 anos, mas hoje não temos dados suficientes para garantir que funcione tão bem em idosos”, disse o ministro Vandenbroucke.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) emitiu parecer positivo na última sexta-feira sobre a comercialização da vacina AstraZeneca na União Europeia (UE) dos 18 anos aos 55 anos, mas não emitiu quaisquer restrições para as pessoas a partir desta idade, exceto que não há dados para especificar a sua eficácia naquele segmento da população.

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O ministro belga destacou que se trata de uma decisão provisória que aguarda dados mais conclusivos, que poderão estar disponíveis em algumas semanas.

A vacina do laboratório AstraZeneca, cujas primeiras 80.000 doses chegarão à Bélgica em 7 de fevereiro, deverá expandir o número de vacinas e acelerar a vacinação.

Vandenbroucke destacou que a campanha de vacinação está a todo o vapor na Bélgica, especialmente em lares de idosos e profissionais de saúde em hospitais.

Na terça-feira, os profissionais de saúde que trabalham fora de hospitais começaram a ser vacinados, como médicos de família ou dentistas com mais de 55 anos.

O ministro acrescentou que a estratégia de vacinação de longo prazo deve ser analisada com atenção, especialmente em decorrência desta decisão provisória, e no que diz respeito às profissões ditas “essenciais”, vacinação por faixa etária ou pessoas que sofrem de certas doenças, como diabetes.

O ministro anunciou que a Bélgica pediu 3,8 milhões de doses adicionais da vacina do laboratório Moderna para imunizar 1,9 milhão de pessoas e que serão fornecidas a partir de junho.

Os internamentos hospitalares e as mortes relacionadas com o novo coronavírus continuam a diminuir na Bélgica, embora as infeções estejam a aumentar, de acordo com os últimos dados divulgados esta quarta-feira pelo instituto de saúde pública Sciensano.

O número total de casos confirmados na Bélgica desde o início da pandemia é de 713.271, em uma população de cerca de 11 milhões de pessoas, e as mortes são de 21.173.

Entre 27 de janeiro e 2 de fevereiro, uma média de 117,3 pacientes deram entrada no hospital, 10% a menos do que na semana anterior. No total, 1.794 pacientes com a Covid-19 estão hospitalizados, dos quais 311 estão em cuidados intensivos.

Artigo atualizado às 16h30 com a informação de que também a Dinamarca não vai autorizar vacina a maiores de 65 anos