A Associação de Artistas Visuais em Portugal (AAVP) defendeu o apoio continuado à criação artística no período de crise pandémica, através das rendas de ateliês, bolsas de investigação, produção de obras e inclusão em atividades sociais e educativas. Num comunicado enviado à agência Lusa um dia após um encontro ´online´ de diversas estruturas do setor das artes com o Ministério da Cultura, sobre as medidas para a mitigação do impacto da crise, a AAVP congratula-se com a vontade da tutela em colaborar para debelar as “falhas existentes no setor das artes visuais no acesso aos apoios existentes”.

A AAVP diz ainda ter reagido com “esperança” ao convite da Direção-Geral das Artes em discutir a estrutura das candidaturas a concursos num futuro próximo, de forma a que estas se “apliquem com mais sucesso” à prática das artes visuais. O rácio de apoios concedidos a este setor ronda os 0,2% dos orçamentos totais disponibilizados”, aponta, no comunicado.

As estruturas de exposição de arte contemporânea (museus, galerias, associações, espaços alternativos) estão fechadas e não sobrevivem sem os artistas. Os artistas visuais encontram-se em insubsistência, sem possibilidade de expor o seu trabalho nem de o vender. Os custos associados à manutenção da profissão, contudo, mantêm-se. Na sequência de 2020, 2021 será mais um ano à própria mercê”, alerta a associação.

Nesse sentido, a AAVP insiste na “necessidade de um apoio continuado à criação artística neste período de crise pandémica”, e diz ter questionado a abrangência do programa Apoiar Rendas, do Ministério da Economia, ao arrendamento dos ateliês dos artistas visuais, mas não obteve esclarecimentos. A associação pediu, ainda, na reunião com a tutela, “mais presença nas prioridades do programa de apoio Garantir Cultura, reforçando a importância de se contemplarem bolsas de investigação e de produção para os artistas visuais”.

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No comunicado divulgado, a associação reiterou o apelo a todas as entidades públicas e privadas que existem no país, “para promover este setor, com a responsabilidade de agirem rapidamente no sentido da participação ativa no tecido artístico nacional”, com a aquisição de obras de arte contemporânea e mais inclusão nas atividades sociais e educativas.

Criada em setembro de 2020 para mobilizar e representar o setor artístico na defesa dos interesses e direitos, a AAVP possui atualmente cerca de meia centena de associados. De acordo com as medidas anunciadas pela tutela para o setor da Cultura, até 2022, no conjunto, está prevista a mobilização de cerca de 88,5 milhões de euros.

Os equipamentos culturais estão encerrados desde as 00:00 de dia 15 de janeiro, em Portugal Continental, no âmbito das medidas anunciadas pelo Governo para tentar conter a pandemia da Covid-19.

A paralisação da Cultura começou na segunda semana de março de 2020, depressa se estendeu a todas as áreas e, no final desse ano, entre “plano de desconfinamento” e estados de emergência, o setor somava perdas superiores a 70% em relação a 2019.