A maioria (65%) das empresas do setor têxtil e vestuário registaram quebras de faturação superiores a 10% em janeiro, um impacto que se deve estender ao longo do primeiro trimestre, foi esta sexta-feira anunciado.

No passado mês de janeiro, 65% das empresas registaram quebras de faturação superiores a 10%, situação que se manterá durante o primeiro trimestre deste ano, de acordo com as expectativas dos empresários, refletindo a quebra de encomendas”, indicou, em comunicado, a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), citando os resultados de um inquérito aplicado às empresas do setor.

Por sua vez, 30% das empresas reportaram descidas entre 10% e 25% no volume de negócios.

Apenas 3% dos inquiridos apontaram um impacto entre os 60% e os 75%, enquanto 4% verificaram retrocessos superiores a 75%.

O setor reivindica a alteração das condições de acesso às ajudas, para que possam abranger mais empresas, nomeadamente, que o apoio à retoma progressiva seja possível a partir de quebras de faturação iguais ou superiores a 15%, abaixo dos 25% em vigor.

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Para o setor, este apoio deveria ainda considerar, na definição de crise empresarial, a quebra de encomendas e não apenas de faturação.

“Os clientes estão a ter muitas dificuldades e a atrasar os pagamentos às empresas produtoras”, notou a associação.

Os empresários querem ainda a isenção da taxa social única (TSU) para os trabalhadores abrangidos pelas medidas de redução ou suspensão dos postos de trabalho, medida que dizem que deveria contemplar empresas com mais de 250 colaboradores.

De acordo com o mesmo inquérito, a maioria das empresas quer também a reintrodução do regime de lay-off simplificado, aplicado a todas as empresas, bem como “justiça” no acesso a medidas como o Apoiar, que, atualmente, está “apenas disponível para algumas atividades”.

Adicionalmente, o setor reclama que a Segurança Social pague aos trabalhadores que estão em casa a assistir os filhos menores, face ao encerramento das escolas.

Já no que concerne às linhas de crédito, medida utilizada por 65% dos inquiridos, as empresas exigem o reforço dos montantes, assim como maior flexibilidade de pagamento.

Ainda no que se refere às medidas disponíveis, 40% dos inquiridos recorreram a moratórias, 23% ao apoio à retoma progressiva, 19% ao diferimento de impostos, 15% a um incentivo extraordinário à normalização e 5% ao lay-off (regime normal).

Paralelamente, “muitas empresas solicitam uma componente de apoio a fundo perdido” para a capitalização, o prorrogamento das medidas e maior rapidez no pagamento dos apoios.

O inquérito “Covid-19: Impacto, Expectativas e Medidas” foi aplicado entre 26 de janeiro e 4 de fevereiro, tendo sido registadas 100 respostas.