Um golo de grande penalidade de Rúben Neves, um golo de antologia de fora da área de João Moutinho, um mês e meio sem vitórias quebrado. Apesar de estar a ser uma época mais complicada do que as anteriores já na Premier League, o Wolverhampton andou sempre na primeira metade da classificação até à fatídica lesão grave de Raúl Jiménez frente ao Arsenal em Londres. A partir daí, e em 11 jogos, o conjunto de Nuno Espírito Santo ganhou só um com o Chelsea, entre três empates e sete derrotas. Agora, na receção ao mesmo Arsenal condicionado pelas expulsões de David Luiz e Bernd Leno, tinha voltado a alegria ao Molineux. E seguia-se o Leicester.

“Foi uma vitória muito importante para nós. Um jogo diferente, até estranho em termos de evolução por todas as suas características e os cartões vermelhos, mas assumimos o comando. A confiança e o ambiente estão melhores, a abordagem ao jogo melhorou mas temos ainda problemas para resolver. Estamos numa fase muito diferente, em que temos de ver os jogadores que saíram, que entraram, que estão em condições. Com isso, temos de melhorar a parte individual e depois dar continuidade em termos coletivos”, assumiu o português no lançamento da partida contra a grande sensação (mais uma vez) da Premier League, que anda entre os lugares de acesso à Champions.

No entanto, e apesar do triunfo, havia um problema ainda por resolver: como deixar de vez a dependência de Raúl Jiménez (que tem estado diariamente com a equipa, a recuperar) para trás em ataque organizado, sem estar tão dependente de lances de estratégia ou remates de meia distância para marcar? O Willian José teve um impacto quase imediato na equipa, até porque precisávamos de mais uma solução além do Fábio [Silva]. Agora estamos no momento em que cruzamos as suas capacidades com a ideia e a organização da equipa, com o conhecimento dos seus companheiros. Mas todos os golos por todos os jogadores são necessários e bem-vindos, como aconteceu com o João Moutinho que marcou um golo fantástico no último jogo”, explicou Nuno Espírito Santo.

Desta vez, não houve de nenhum. Nem de Rúben Neves, nem de João Moutinho, nem de qualquer avançado, fosse ele Willian José, Fábio Silva, Traoré ou Pedro Neto. À semelhança do que acontecera com Chelsea e Arsenal, o Wolverhampton voltou a não dar hipóteses em termos defensivos frente a um Leicester que voltou a ficar em branco quase dois meses depois mas teve pouca ou nenhuma preponderância no ataque em mais um nulo apesar de nova exibição em destaque de Pedro Neto, a grande figura da equipa desde a saída de Diogo Jota.

A primeira parte trouxe um jogo trancado entre as ideias táticas e sem chave para abrir com o risco que ambas as equipas tentavam ter no último terço, com Traoré a ter a oportunidade mais flagrante para o Wolverhampton nos minutos iniciais após grande jogada de Pedro Neto (mais uma vez o grande desequilibrador) na esquerda que teve o remate desviado num defesa para canto e os foxes a levarem perigo de livre direto para defesa de Rui Patrício. E mantinha-se o problema de Nuno: se em termos coletivos existia uma maior solidez em posse e sem bola, na frente o Leicester conseguia controlar sem grandes problemas as tentativas de ataque dos visitados. Esse era o maior dilema do Wolves, frente a um adversário que deixou no banco Vardy e Albrighton. E que não mudou: apesar da troca de Willian José por Fábio Silva, que teve a melhor oportunidade numa insistência de Rúben Neves após canto (79′), o nulo nunca se desfez e tornou-se o resultado inevitável perante o domínio da defesas sobre o ataque.

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