Peter Liese, membro do Comité de Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar do Parlamento Europeu, considerou “legítimo” que Portugal tenha escolhido não administrar a vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford em pessoas com mais de 65 anos — apesar de a Agência Europeia do Medicamento ter dito que a vacinação nessas faixas etárias poderia avançar.
Em resposta à pergunta colocada pelo Observador, o eurodeputado e médico de medicina geral sublinhou que “a Agência Europeia do Medicamento não emitiu uma recomendação, isso cabe às autoridades nacionais”, mas sim “uma autorização” para que o fármaco seja distribuído em todas as pessoas acima dos 18 anos — mesmo na terceira idade. Mas “não é uma obrigação nem uma recomendação”, sublinhou Peter Liese.
A conferência de imprensa do Parlamento Europeu sobre as vacinas contra a Covid-19 já decorria quando a Direção-Geral da Saúde (DGS) fez saber que a vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford não devia ser administrada a pessoas com mais de 65 anos, exceto se não houver outra vacina disponível. “Em nenhuma situação deve a vacinação de uma pessoa com 65 ou mais anos de idade ser atrasada” se só estiver disponível esta vacina, diz a norma.
DGS: Vacina da Astrazeneca só deve ser dada a maiores de 65 anos se não houver outra disponível
O especialista não encontra nenhuma contradição no facto de vários países terem escolhido não administrar a vacina em pessoas acima de uma determinada faixa etária porque “a recomendação é das autoridades nacionais e depende da estratégia nacional”.
Admite, no entanto, que há espaço para alterar as recomendações nacionais caso mais estudos (esperados para este mês) resultem em mais dados positivos sobre a vacina da AstraZeneca em pessoas mais velhas. Jytte Guteland, outro membro do mesmo comité, disse mesmo que escolhas como a portuguesa pressionam a farmacêutica britânica a investir em mais estudos sobre a vacina.
Pascal Canfin, o responsável pelo Comité de Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar, disse ainda que “não é verdade” que milhões de pessoas já tenham sido vacinadas contra a Covid-19 no Reino Unido. “Eles têm um número de pessoas meio-vacinadas” porque “quem só recebeu uma dose não está vacinado”: só após as duas doses é que se pode estar protegido contra a doença provocada pelo coronavírus, argumenta o eurodeputado francês.