Depois de conhecidos os resultados de um estudo que revelou menos eficácia da vacina de Oxford na variante da África do Sul, nas doenças menos graves, o secretário de Estado da vacinação do governo de Boris Johnson apressou-se a vir a público recordar que a vacina é eficaz nas variantes dominantes no Reino Unido e que poderá ainda assim ser “eficaz contra doenças graves, hospitalização e morte”.

Covid-19. África do Sul suspende vacinação com doses da AstraZeneca/Oxford

“Em termos de outras variantes, fora do Reino Unido, temos que estar cientes de que mesmo quando a vacina teve eficácia reduzida na prevenção da infeção, ainda pode haver uma boa eficácia contra doenças graves, hospitalização e morte. Isso é de vital importância para proteger o sistema de saúde”, afirmou o ministro responsável pela vacinação no Reino Unido Nadhim Zahawi, citado no Telegraph.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na fase “I/II de testes, os dados mostraram uma eficácia limitada sobretudo contra a doença leve provocada pela variante da África do Sul B.1.351”, mas os investigadores nada podem dizer quanto às doenças graves que esta variante pode provocar já que a maior parte dos voluntários que participaram nos testes eram sobretudo jovens adultos saudáveis.

Universidade de Oxford e AstraZeneca esperam ter novas versões da vacina no outono

Mas no Reino Unido já se preparam soluções para ultrapassar esta dificuldade. Zahawi avançou, ao Telegraph, aquilo que pode ser uma solução para aumentar a eficácia da vacina da AstraZeneca: uma terceira dose. Os laboratórios de Oxford também já confirmaram que estão a trabalhar numa nova “versão com a sequência” da variante sul-africana. Sarah Gilbert — que esteve envolvida no desenvolvimento da vacina de Oxford — disse à BBC que ainda não está pronta para vacinar as pessoas, mas está a ser desenvolvida. “É fácil adaptar a tecnologia, desenvolver uma nova vacina que terá de passar uma pequena quantidade de testes clínicos, mas não a mesma quantidade que foi realizada no passado”, explica a cientista à BBC acrescentando que estão “na primeira parte do processo de fabrico em Oxford” e colocando o objetivo de ter a “nova versão pronta para uso no outono”.

Vacinação anual, à semelhança do que acontece com a vacina da gripe

O ministro responsável pela vacinação no Reino Unido e o diretor-geral adjunto de Saúde de Inglaterra, Jonathan Van-Tam, acreditam que o futuro do controlo da Covid-19 passará por “vacinações anuais” ou “reforços no outono”. E o estudo realizado com a variante sul-africana podem “levar a uma mudança de estratégia”. É nisso que acredita o responsável pelo estudo, na Universidade de Witwatersrand, Shabir Madhi. “Estas descobertas levam-nos a calibrar o pensamento sobre a abordagem ao vírus e mudar o foco da meta da imunidade coletiva contra a transmissão para a proteção de todos contra doenças graves”, afirmou citado no Telegraph.

Zahawi e Van-Tam afirmam que o controlo do coronavírus deve ser feito através de vacinas ajustadas às variantes que surjam ao longo do tempo, tal como acontece anualmente com a vacina contra o vírus da gripe, que é a anualmente modificada.